O ano de 2010 bateu todos os recordes na venda de veículos e o cenário pode se repetir: fevereiro de 2011 superou seus antecessores e cresceu 24% ante 2010, ano histórico para o setor automotivo. O primeiro bimestre também superou o de 2010 e registrou alta de 19,5%. Em balanço divulgado nesta sexta-feira, a Anfavea (Associação Nacional dos Frabricantes de Veículos Automotores) afirmou que continua otimista sobre o setor, com perspectiva de crescimento na casa dos 5%.
As razões atribuídas ao bom desempenho da indústria foram o aumento do volume de crédito, que cresceu 19%, passando de R$ 158,1 bilhão para R$ 188,7 bilhão neste ano, a queda na inadimplência, de 4,3% para 2,6% no setor, e o índice de confiança do consumidor, que aumentou 9% no comparado com 2010.
A previsão de alta, a despeito do aumento das taxas de juros anunciadas pelo governo, são factíveis, avalia a entidade. “Medidas econômicas têm tempo de maturação. O mercado continua com volume de venda sólido. Crescimento de quase 20% no primeiro bimestre do ano mostra que projeção de 5% está razoável, já levando em consideração as alterações feitas pelo Banco Central”, afirmou Cledorvino Belini, presidente da Anfavea.
A categoria que registrou queda nas vendas foi a de máquinas agrícolas, com redução de 2,5% no comparado com fevereiro de 2010. Se avaliado o primeiro bimestre de cada ano, o índice é maior, queda de 6,9%. Em 2010, programas de incentivo à agricultura, como o PSI (Programa de Sustentação do Investimento) do BNDES, promoveram uma “corrida por tratores” e impulsionaram a venda de veículos da categoria. Nessa quinta-feira (3), o BNDES anunciou que o PSI, previsto para ser extinto no final de março, foi prorrogado até o final de 2011, com empréstimo de R$ 55 bilhões do Tesouro Nacional. A Anfavea, no entanto, não acredita que a previsão de vendas seja alterada com a prorrogação do programa.
Mesmo com resultados positivos e perspectiva de crescimento, a indústria segue preocupada com o aumento contínuo das importações. A venda de veículos importados cresceu 43,1% no comparado com 2010 e vem apresentando crescimento contínuo desde 2005. “O consumo de produtos importados está crescendo. A longo prazo, essa tendência pode consolidar perda de competitividade. Já estamos importando mais que exportando”, alertou Belini.
por Keila Guimarães