Algumas mudanças importantes aconteceram desde o lançamento do primeiro videogame da história, o Magnavox Odyssey, em 1972. No Brasil, a denominação passou de telejogo para o que hoje chamamos simplesmente de game. As plataformas substituíram os pesados consoles e sua única função (rodar jogos) por verdadeiras estações de lazer, em diversos tamanhos e finalidades, no computador, nos gadgets mobile ou (ainda) na televisão.
O público também cresceu exponencialmente e se diferenciou: se antes as crianças brigavam pela vez de jogar Super Mario Bros. na casa do vizinho, hoje são muitos os pais que esperam os filhos dormirem e passam madrugadas conectados às partidas online do último Call of Duty. Pouco mais de dez anos atrás, porém, o mercado estava à beira de severos prejuízos por conta de um problema bem conhecido por nós: a pirataria.
O alto preço era o principal responsável pelo fenômeno, assim como o tradicional atraso dos lançamentos no Brasil em relação aos originais nos Estados Unidos, Europa e Japão (em alguns casos, a diferença chegava a seis meses). Era comum, inclusive, ver os CDs em capinhas de plástico contendo jogos “customizados” para PlayStation 2 – com músicas, telas de apresentação e outras modificações não oficiais.
A reação à altura da indústria se deu graças às funcionalidades online capazes de reconhecer a utilização de softwares piratas, disponíveis a partir da sétima geração de consoles, como o Xbox 360, o Nintendo Wii e o Sony PS3, mas também por investimento das empresas, que trouxeram seus consoles e games a preços mais acessíveis e, em muitos casos, com lançamentos simultâneos com o exterior.
Agora, o setor observa satisfeito a segunda geração de gamers investindo em cursos profissionalizantes relacionados à produção e comercialização de jogos eletrônicos.
Segundo a Associação Brasileira dos Desenvolvedores de Jogos Digitais (Abragames), o país é o quarto maior consumidor global e registra até 15% de crescimento ano a ano na produção – encabeçada pelo desenvolvimento de aplicativos para smartphones e tablets.
Mesmo que o “custo Brasil” (personificado pelas altas taxas de tributação) ainda seja uma dificuldade a se enfrentar, o país – em que quase 35 milhões de pessoas jogam, metade desses consumindo conteúdos pagos – já é considerado o próximo grande celeiro da indústria.
*Marcelo Forlani é colunista e um dos fundadores do Omelete (www.omelete.com.br).