O digital parece ter ressignificado o conceito de argumento de autoridade. Os influenciadores digitais são procurados por anunciantes, de olho principalemnte no público jovem, interessados em ter testemunhos sobre produtos. Será, então, que se pode dizer que esses profissionais são mais um canal de mídia digital?
“Você tratar os influenciadores como mídia está correto, mas é mais que isso. Ele fala sobre as marcas dentro do próprio conteúdo”, conta Ricardo Santos, CEO e sócio da Milk, empresa que se apresenta como uma agência que faz conexão com gente saudável.

As empresas que trabalham diretamente com esses profissionais, também apontam a definição de influenciador como mídia é simplista demais.

“Acho difícil o isolamento deles só como mídia. A novidade é que eles são hibrido da própria mídia e do conteúdo. Se você usa o influenciador só como mídia e não pratica a linguagem e o conteúdo daquele influenciador não funciona”, explica Vitor Knijnik, sócio-fundador da Snack, rede multiplataforma de canais de influenciadores como como PC Siqueira e Barbixas.

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“O primeiro ponto é que mais que mídia eles são artistas. Na minha carreira toda, eu tinha três grandes frentes para trabalhar: a mídia, o artista, que é o porta-voz da marca, e uma produção de qualidade. Quando se trabalha com influenciadores, você tem os três universos na mesma pessoa. Eles reúnem outras entregas que o mercado não estava acostumado a comprar”, afirma Luiz Felipe Barros, CEO da Digital Stars, empresa do grupo Webedia que gerencia a carreira de influenciadores, entre eles Kéfera e Christian Figueiredo.

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A pesquisadora Luciana Corrêa, do ESPM Media Lab, discorda. “Eles não uma nova mídia. Eu diria que é uma nova linguagem. Mais do que qualquer outra coisa, eles são principalmente marcas”, fala.

Por ser ainda uma realidade relativamente nova, anunciantes e agências ainda estão aprendendo a lidar com ela. “Esse é um mercado que ainda está crescendo. Quando uma marca negocia com um influenciador e o enxerga só como canal de mídia perde uma oportunidade e deixa de aproveitar o que ele fez para construir essa audiência que é o conhecimento do público e autenticidade”, explica Barros.

“As redes sociais permitem que gente comum vire influenciador. Na verdade, os grandes influenciadores sempre existiram. A tecnologia reflete um comportamento humano”, fala Luciana.

Um dos pontos a se considerar na hora de é a diferenciação entre os influenciadores e os microinfluenciadores. “O consumidor final não vê a diferença entre um merchan de novela e um post de um grande influenciador. O que é muito diferente do microinfluenciador. Tanto faz a quantidade de seguidores que ele tem, se ele for muito legítimo no que faz. Ele vai ter mais credibilidade”, diz Santos.