Eu já tive várias inspirações na vida, que vêm mudando desde que comecei, literalmente, o processo de construção da minha família. Rafaella hoje está com dois anos e oito meses e, enquanto escrevo este texto, aguardo ansioso a chegada do Pedro (provavelmente já terá nascido até a publicação da coluna).
Acredito no esporte como ferramenta de autodesenvolvimento. Por um bom tempo pratiquei atividades físicas, e elas foram cruciais para me inspirar e ajudar na carreira. Aprendi desde cedo que é importante cansar o corpo, para descansar a mente. Pratiquei por muito tempo o kitesurf, um esporte altamente técnico, que você demora para aprender.
Precisa ter perseverança, treinar muito, cair bastante, ter foco, paciência e concentração. E, quando você leva esse aprendizado para o ambiente de trabalho, compreende que essas características se adequam perfeitamente ao mundo corporativo. O mais interessante é ser um esporte que você demora muito para se divertir, ou seja, resiliência é a palavra-chave.
Por muito tempo, pratiquei também o ciclismo. Aliás, uma paixão em comum com a minha mulher, Diana, o que serviu, na época do namoro, como um ótimo motivo para eu ‘chegar junto’. Com o aumento da família, os treinos e os esportes radicais começaram a dar lugar a programas diferentes e inspirações idem, tendo como cenário praias mais tranquilas, montanhas silenciosas, além dos programas infantis, gastronômicos e culturais da pauliceia. Os filhos, sem dúvida alguma, são fontes constantes de aprendizado e inspiração.
Essas mudanças coincidiram também com uma nova fase da minha carreira. Há três anos, passei a comandar, ao lado do Marcelo Reis, a presidência da Leo Burnett Tailor Made. Venho do mercado financeiro, bancos, empresas de auditoria etc., que me deram como alicerces a busca por trabalhar com metas e atingir resultados. Fiz essa transição para a área de comunicação e, a partir daí, trago comigo o desafio de monitorar de perto os números, sem sufocar as ideias.
Na nova função, meu dia a dia mudou e, mais do que trabalhar com equações, passei a atuar muito mais diretamente com as pessoas. Com isso, minha inspiração, além da prática, tem vindo bastante da leitura. Adoro biografias. Acredito que grandes líderes, grandes pessoas e grandes histórias são excelentes manuais para aprender a lidar com gente, entender suas complexidades e também as excentricidades. Não é à toa que nos últimos tempos tenho passeado pela mente empreendedora de Sam Walton; persistente, de Antônio Ermírio de Moraes; talentosa, de Ayrton Senna; visionária, de Jeff Bezos; workaholic, de Jack Welch; corajosa, de Olga Prestes; e humanitária, de Nelson Mandela.
Da prática como gestor e do aprendizado com essas leituras, passei a ter convicção de que os mais felizes são aqueles que conseguem usufruir do seu tempo realizando coisas que fazem sentido para eles. Isso se chama sucesso! E que, de fato, quando se trata de seres humanos, não existe uma abordagem “tamanho único” para a produtividade. É imprescindível saber ler as pessoas.
Marcio Toscani é co-CEO e COO da Leo Burnett Tailor Made