O acaso não decepcionou quando colocou no meu caminho virtual um artigo. Foi através de um link compartilhado no LinkedIn pela Nana Lima, do Think Olga, que eu tive a certeza.

Veja bem: sou nascida e fui criada em uma casa de mulheres. Éramos eu, minha mãe, minha avó e minhas tias. Elas, forças da natureza, cada uma à sua maneira. Eu, um pouquinho de cada uma delas e com um mapa astral todo estranho. Voltemos ao artigo que me trouxe até aqui.

É uma análise de Karen Knowlton, surfista canadense, sobre a repercussão de um texto que ela escreveu no Medium, em que xinga muito a Billabong por causa das imagens da nova campanha da marca.

De um lado, vemos o surfista australiano Otis Carey voando sobre uma onda e, do outro, uma modelo estirada na areia, com seu corpinho tamanho 34 ao sol. Aquela objetificação básica de sempre. O texto de Karen faz uma crítica feroz a esse hábito publicitário e gerou uma onda de compartilhamentos que fez a marca rever a campanha. Essa história me lembrou de outras mulheres que, como a autora, se cansaram dos vícios da publicidade e deixaram claro seu descontentamento.

Olhando com carinho nosso meio de trabalho, temos mulheres encabeçando projetos como o Think Eva e o 65/10, que ajudam o mercado publicitário a enxergar com mais seriedade o problema da igualdade de gêneros – dentro e fora das agências.

Isso me inspira a buscar, dentro da estrutura da agência, construir um espaço mais igualitário e fortalecedor para as mulheres. Seja dando preferência para a contratação de mulheres ou servindo como escudo nos momentos frequentes de mansplannings. Conseguimos entender a profundidade e a potência dessa corrente feminina quando olhamos para Hollywood e a série de denúncias que estão sendo feitas por mulheres, como Rose McGowan, que se mantêm firmes em não deixar o assunto morrer mesmo diante de tantas negativas anteriores.

O próprio autor do artigo que expôs Harvey Weinstein, Ronan Farrow, já havia escrito sobre o histórico de assédio de seu pai – Woody Allen -, com menor repercussão. Por causa da insistência de Rose McGowan em falar sobre o assunto no Twitter, a denúncia ganhou volume, novas acusações foram feitas, e mulheres como Gwyneth Paltrow, Lupita Nyong’o e Cara Delevingne contaram suas histórias. Hoje, temos um assediador a menos utilizando as estruturas de poder para sair impune.

As mulheres estão por aí, travando batalhas onde quer que elas estejam, e é maravilhoso poder ser inspirada por mulheres tão diferentes o tempo todo. Ver tantas de nós falando, se expondo, tomando locais de poder. São exemplos que inspiram e dão força para as pequenas mudanças cotidianas. Reconhecer e dar espaço é apenas uma delas.

E apesar de estarmos tomando rumos sombrios na política, quando olhamos para como a sociedade está se reorganizando – e como nós, mulheres, estamos encontrando nossos caminhos umas para as outras – o futuro parece quase promissor e cada vez mais female. E para o que me inspira inspirar você também, pergunto: você já se inspirou em alguma mulher hoje?

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