Atualmente o que me inspira é Peppa Pig.
E olha que eu não estou sendo sarcástico.
Vamos lá. Eu me explico.
Inspiração é a famosa “referência”.
E referência é tudo.
Tudo o que você viu, ouviu, cheirou, abraçou, cutucou e curtiu.
Referência pode ser um filme da Sessão da Tarde.
As piadas infames do seu tio, agora via WhatsApp.
Sua última viagem all, inclusive, ou então a viagem neca de pitibiriba inclusive que você fez na faculdade.
Referências são os livros que você devorou, os vícios que devoraram você, os amores não correspondidos.
Ou os amores autenticados em cartório.
Referência é um post, um postal, uma música marcante – seja pela letra ou pela lembrança que ela traz.
É o assunto de sempre do almoço da firma ou o papo mágico do jantar a dois.
Referência é o próprio homo sapiens, essa espécie cheia de manias, fobias, crenças e formatos.
Enfim, referência não sofre com crise. Tem em abundância.
Basta ser uma esponja 24/7 para absorver tudo.
E é aí, transbordando referências, que a criatividade acontece.
Assim que você é posto frente a frente com um problema, você liga um liquidificador cerebral.
Começa a misturar suas referências.
Experimenta uma pitada de uma com um punhado de outra.
Faz verdadeiras vitaminas de referências na cachola.
O mais criativo é aquele que simplesmente faz isso mais rápido, tendo como resultado final a vitamina mais saborosa e original.
Numa bela manhã, na aula da Senhora Gazela, foi dia de apresentação de talentos.
Só que Peppa Pig se viu diante de um problemão. Ela havia ensaiado para dançar, cantar ou pular cordas, mas foi a última a se apresentar, e os alunos anteriores já haviam feito tudo aquilo. Ela rapidamente embaralhou suas referências na cabeça.
Tudo o que ela havia vivenciado ao longo daquele episódio e pensou numa saída criativa e original.
Ela fez seu show de talentos numa poça de lama.
Ops, desculpe o spoiler.
Olha aí eu falando da Peppa.
Tenho filho de um ano, fazer o quê?
Minhas manhãs têm sido na companhia da porquinha.
E, como disse anteriormente: tudo é referência.
Hoje à noite eu vou assistir Game Of Thrones, só pra misturar os dois e ver no que dá.
Philippe Degen é diretor de criação da Talent Marcel