O Instagram anunciou no fim da última semana que retornou ao termo de uso original da rede, datado de outubro de 2010, quando ela foi lançada. A retratação foi motivada pela onda de protestos vinda de usuários do mundo todo após a rede social revisar as regras de uso.
O ponto mais polêmico referia-se ao direito proprietário das fotos. Entre outros, o texto dizia que, ao publicá-las, os usuários concediam ao Instagram e a seus parceiros uma espécie de “licença de uso mundial não exclusiva, totalmente paga, livre de royalties, transferível e sub-licenciável” para serem utilizadas para fins comerciais e distribuídas em qualquer mídia.
O texto enfureceu usuários do mundo todo, temerosos de que suas fotos pudessem ser utilizadas em anúncios publicitários, e protestos digitais espalharam-se pela rede social e pelo Facebook. Muitos passaram a atribuir a nova política comercial da rede ao fato dela ter sido comprada pela empresa de Mark Zuckerberg. O empresário adquiriu o Instagram em abril deste ano por US$ 1 bilhão, mas a operação ainda não gera qualquer receita. O anúncio das novas regras foi o primeiro passo oficial dado pela companhia para dispôr anúncios no aplicativo.
Na última quinta-feira (20), Kevin Systrom, cofundador da empresa, pediu desculpas por “não termos sido capazes de nos comunicar de forma clara” e garantiu que as fotos dos usuários não serão utilizadas em anúncios. “O Instagram não tem quaisquer planos de comercializar seu conteúdo. Nós não somos donos de suas fotografias – vocês, sim”, escreveu em artigo publicado no blog oficial da empresa.
O executivo assegurou que a nova política de uso pretendia trazer uma forma inovadora para marcas anunciarem no Instagram e não surrupiar o direito de propriedade intelectual dos usuários. “Nossa intenção ao atualizar os termos era comunicar que gostaríamos de experimentar uma forma inovadora de fazer publicidade que soasse apropriada ao Instagram. No lugar disso, o texto foi interpretado por muitos como se fôssemos vender suas fotos sem nenhuma compensação”, declarou.
A rede social possui hoje 80 milhões de usuários e mais de um bilhão de fotos postadas. Levantamento do Simply Measured publicado em novembro aponta que 54% das 100 maiores marcas do mundo utilizam o Instagram. O estudo analisou a participação das marcas presentes na lista da Interbrand e comparou com a participação destas em outras redes sociais, como Pinterest e Facebook. Em agosto, na primeira edição da pesquisa, a adoção era de 40%. “Considerando que o Instagram é relativamente jovem, que é um aplicativo restritamente para compartilhar imagens e uma rede apenas para smartphones, esse desempenho é muito expressivo”, avalia o estudo.
Até o momento, não há custo para as marcas com perfil na rede. As novas regras de uso publicadas na última semana tratavam exatamente da inserção de anúncios a partir da coleta de dados demográficos dos usuários. De acordo com Systrom, o modelo de negócio para dispôr publicidade na rede ainda não está desenvolvido. Ele assegurou que o formato, quando pronto, será explicado de forma clara para os usuários.