João Campos, presidente da ABA, José Eustachio, Sergio Amado, Gabriela Onofre, da P&G, Gal Barradas e Hugo Rodrigues“Não sei se a propaganda vai sobreviver por mais cinco anos, mas enquanto ela viver a relação entre cliente e agência tem que ser boa”. A frase de Hugo Rodrigues, CEO da Publicis, é a que melhor define o painel “O mercado publicitário na visão das agências”, que foi o principal realizado no período da manhã do ENA (Encontro Nacional de Anunciantes), promovido pela ABA (Associação Brasileira dos Anunciantes) nesta quarta-feira (10), no WTC em São Paulo.

De acordo com Rodrigues, é necessário haver uma maior integração entre as partes. “É preciso lembrar que o consumidor, que é o que realmente importa para ambas as partes, não vê essa relação, ao contrário, ele enxerga marcas apenas e para isso que nós trabalhamos”, enfatizou.

Para reforçar seu argumento, o executivo tomou como exemplo uma pesquisa na qual revelou que 78% dos consumidores do mundo não têm preferência por nenhuma marca. “O consumidor é medroso”, brincou.

Outro palestrante foi Sérgio Amado, chairman e presidente do Grupo Ogilvy Brasil, que afirmou que a integração entre agência e cliente não existe. “Se existe é apenas em 10%, 15% dos casos”, disse. “O cliente exige opinião, mas nunca fomos celebrados pelo sucesso, somos celebrados apenas pelos nossos fracassos”, ressaltou.

As mídias também foram assunto na apresentação de Amado, que destacou principalmente o digital. “Ele (o digital) veio para ficar, mas não veio para substituir as outras”, disse. “Os jornais e as revistas são importantes por vários motivos, mas principalmente por serem uma forma de fortalecer a democracia”, complementa.

José Eustachio, CEO da Talent, também, reforçou o coro sobre a falta de integração entre agência e cliente. Para isso, ele relembrou Galileo Galilei e sua descoberta de que a Terra não era o centro do universo. “E o mundo não orbita em torno das empresas. Com base nisso, temos que pensar que não é o negócio da empresa que está mudando, e sim, a sociedade”, afirmou.

De acordo com ele, essa mudança nunca foi tão intensa como agora. “E a comunicação é uma forma de metabolizar a cultura e devolver tudo em forma de valor”, disse. “A agência tem que entender as pessoas”, completou.

Gal Barradas, sócia e Co-CEO da BETC São Paulo, traçou, em sua apresentação, um paralelo entre algumas questões. “Não precisamos buscar likes, precisamos buscar o engajamento com o consumidor”, exemplificou. Outro exemplo citado pela executiva foi, ao invés de focar na transação, o ideal é focar em todo o processo de venda.

“Vale lembrar que a modernidade não está atrelada a uma era, e sim no jeito de pensar”, afirmou.

As apresentações do ENA 2015 podem ser assistidas integralmente no site evento.