É preciso regular para conter exageros e não para censurar
A segunda edição do Web Summit Rio começou nesta segunda-feira (15), no Riocentro, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. A expectativa é receber 40 mil participantes de mais de cem países até a quinta-feira (18). O espaço aumentou cerca de 25% para comportar o volume de visitantes, com dois novos palcos e três trilhas de conteúdo adicionadas ao total de 18 temáticas.
Em 2023, foram 21 mil pessoas. O encontro deve reunir cerca de 600 palestrantes, 700 investidores e 1,5 mil startups. A abertura foi conduzida por Eduardo Paes, prefeito do Rio de Janeiro, ao lado de Luis Manuel Rebelo Fernandes, secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCTI), e Antonio Florencio de Queiroz Junior, presidente do Sistema Fecomércio RJ.
Os debates sobre inteligência social tomaram conta dos palcos neste primeiro dia. Embora repetitivos, os conteúdos levantaram questões prementes. “É preciso regular para conter exageros e não para censurar. Precisamos de novas estratégias”, observa Carine Gomes Roos, fundadora da consultoria de diversidade e inclusão Newa.
Ela chama a atenção para a possibilidade de se ter eleições municipais manipuladas, no próximo mês de outubro. “O fake se sobrepõe aos fatos”, lamenta. Carine lembra que a regulamentação melhora a vida das pessoas ao promover avanços de forma segura e sustentável.
O professor Eduardo Magrani não acredita em uma regulamentação única. “Depende da cultura e demandas locais. Mas as tentativas feitas até agora não foram suficientes para fazer frente ao avanço da tecnologia e deep fake”, comenta. Para o advogado especializado em tecnologia, o momento de mudança requer estratégia, ética e educação. Carine Gomes Roos e Eduardo Magrani participaram do painel ‘How geopolitics will shape AI regulation’.
Jeff Geheb, global chief experience officer da VMLY&R, vê com entusiasmo as transformações provocadas pela inteligência artificial no marketing, especialmente a capacidade de promover conexões e experiências que se diferenciem em meio à sobrecarga de interações ofertadas no meio digital.
A marca deve entender o seu papel na vida das pessoas. “São novas maneiras de conectar as marcas com os consumidores. A inteligência artificial ajuda a entender contextos a partir da coleta de first party data. É a chave para chegar aos clientes”, frisa o executivo que participou do painel ‘Marketing in 2025’, ao lado de Renata Bokel, CEO da WMcCann.
Quem banca a tecnologia, diz que a onda de investimentos está só no começo. “Ainda virão anos de evolução. Fizemos o nosso primeiro aporte em 2023, e os resultados chegam rápido”, garante Tamara Steffens, managing director da Thomson Reuters Ventures. Segundo a executiva, a inteligência artificial aplicada a processos otimiza negócios e contém rupturas. “Mas regular é importante”, reforça. Ela esteve no painel ‘The future of AI investing’, ao lado de Santiago Fossatti, sócio da empresa de venture capital Kaszek.
Já em ‘How AI is transforming businesses and the workforce’, Justina Nixon-Saintil, VP & chief impact officer da IBM, e Marcelo Braga, presidente da empresa, falaram sobre as prerrogativas exigidas antes de se investir em AI. Habilidades específicas e capacitação foram os apontamentos destacados. “Profissionais capacitados estão mais preparados para tomar decisões e seguir com uma estratégia ética”, ressalta Justina.
Para Braga, as discussões devem ser elevadas ao nível do board das empresas. “Governança e engajamento executivo são fundamentais porque a inteligência artificial traz novos processos de gestão das empresas. É um outro nível de motor e a governança é o freio para seguir com segurança”, pondera Braga.
Michael Koch, co-founder e CEO da HubKonnect, concorda. “CEOs, CMOs e CTOs são as lideranças que precisam estar envolvidas nas mudanças provocadas pela inteligência artificial na gestão dos negócios”. Ele dividiu o palco com Serhat Soyuerel, co-founder & chief revenue officer da Insider, na sessão ‘How AI can help create a marketing plan’.
Da inteligência artificial às redes neurais e algoritmos, o Web Summit tenta espalhar pílulas rápidas de conhecimento, que servem como um alerta para reflexões mais aprofundadas. Diversidade e inclusão, ecossistema de empreendedorismo, robótica, Web 3, tecnologia automotiva, mídia e combate à desinformação, creator economy, expansão de fintechs e startups, influenciadores, ativismo ambiental e indígena, medidas climáticas e inovação em tecnologia verde são os demais assuntos explorados ao longo da semana.