Tecnologia a favor da praticidade. Cada vez mais os avanços se adequam às necessidades do consumidor contemporâneo. O objetivo tem sido transformar as rotinas duplas e triplas em algo menos trabalhoso e mais prazeroso. Esse cenário de novas famílias, prioridades, comunidades e relacionamentos foi discutido na primeira edição do “Casa de Tendências – os lares brasileiros em transformação”, evento promovido por Finish e Brastemp na Amcham, na capital paulista, nesta quarta-feira (16).
Moderado pela jornalista Mônica Waldvogel, o encontro contou com as participações de Mirian Goldenberg, antropóloga e pesquisadora; Mara Luquet, economista; Marcelo Rosenbaum, designer; e Mário Fioretti, diretor de design e inovação da Whirlpool Latin America, que tem a Brastemp no seu portfólio de marcas. “Estamos rumo à casa dos Jetsons”, disse Fioretti, comparando o desenvolvimento tecnológico dos eletrodomésticos às invenções mirabolantes da família que fez sucesso na TV entre as décadas de 60 e 80. “Claro que estou falando em termos de inteligência mecânica e funcional”, brincou. Segundo ele, todos os anos a Whirlpool dedica um valor considerável de seus investimentos a pesquisas. E elas confirmam: o consumidor quer praticidade acima de tudo.
Essa indústria da facilidade, é claro, está atrelada aos novos mecanismos da sociedade, entre eles a falta de tempo, as múltiplas tarefas acumuladas, o aumento da expectativa de vida, o acesso à educação e a propagação de imóveis de tamanho reduzido. “Fatores como a queda da taxa de juros e o crédito facilitado criaram um novo mercado de trabalho e resultaram na ascensão do que chamamos de ‘nova classe C’. Isso não é novidade, mas penso que vale ressaltar, também como impacto direto, um novo ‘modus operandi’ em casa: com segurança financeira, as pessoas estão estudando mais. Em um futuro não muito distante, profissionais como a empregada doméstica não farão mais parte da vida da classe média tradicional. Essas ajudantes serão escassas e caras. E é nesse ponto que eletrodomésticos eficientes tornam-se fundamentais. A mulher brasileira se desdobra em muitas, os casamentos não são mais os mesmos. O homem, mesmo quando ajuda, tem seus próprios métodos – e ele é bastante prático”, destacou Mara.
Para Fioretti, é necessário que os lançamentos se adaptem com facilidade aos empreendimentos. “Hoje, 50% dos imóveis vendidos em São Paulo têm entre 50 m² e 60 m². Os tamanhos estão mais restritos”. Rosenbaum complementa: “Apartamentos pequenos refletem famílias menores. Condomínios com estrutura de lazer completa se propagam. Ali se cria uma comunidade à parte, às vezes até com blogs destinados apenas a seus moradores. Há, nessas áreas comuns em destaque, a valorização do coletivo, encontrada também em tantas reformas e imóveis novos nos quais a cozinha é conjugada à sala, um modelo que expressa necessidade de reunir os moradores após o horário de trabalho”.
Durante o bate-papo os convidados também dividiram os consumidores pelo sexo e determinaram a principal diferença entre eles: enquanto o homem se preocupa com a otimização do trabalho doméstico, a mulher atua como um detetive à procura de sujeira e problemas. Vem daí a resistência da brasileira a novas tecnologias para o lar. “É uma mulher que só reclama. Ela quer mais tempo para si e para a vida, mas não entende como um aparelho pode desempenhar as mesmas funções que ela. Ela é melhor e tudo tem de ser perfeito, sempre. Esse é um aspecto genuinamente brasileiro. Nos outros países, há mais flexibilidade”, explicou Mirian.
Entre os produtos, a lava-louças é o que mais sofre descriminação. Segundo Mônica, apenas 2% das casas do Brasil a possuem. A Whirlpool tem se empenhado em divulgar os benefícios da máquina, que hoje se difere bastante dos primeiros modelos lançados. Duas questões de resistência já ficaram para trás: a lava-louças moderna aceita panelas e resíduos, eliminando o processo que, inicialmente, exigia uma limpeza prévia das peças.