O mercado de eletroeletrônicos e das telecomunicações está em franca expansão global, tanto no que tange a tecnologia, evoluindo em ritmo cada vez mais rápido, quanto em relação a faturamento, penetração no mercado e potencial de negócios. De acordo com um estudo da Deloitte, esse nicho deve movimentar ao menos US$ 750 bilhões em faturamento neste ano, sendo que metade desse montante (US$ 375 bilhões) apenas na subcategoria de smartphones.

A receita prevista é de US$ 50 bilhões superiores ao faturamento de 2013 – o que comprova o avanço notório do setor –, praticamente o dobro do que se ganhou em 2010. A expectativa é de superar a marca dos US$ 800 bilhões em breve, consagrando uma década com crescimento percentual de dois dígitos, especialmente porque ainda há espaço para novos gadgets.

Hoje, já existe um fenômeno chamado de “converged living room”, cujos aparelhos tecnológicos comunicam entre si. Com o avanço da tecnologia em relação à resolução de telas, conexão, potência de processador e armazenamento de dados, é esperado que cada vez mais seja possível comprar produtos com boa performance a preços mais acessíveis, apesar do mercado de tecnologia ser caracterizado pelo sistema de “mark-up” nos preços dos lançamentos mais inovadores.

A Deloitte ainda prevê que a grande alta no próximo período não deve ser em hardware, mas sim nos softwares, conteúdo, aplicativos e serviços agregados a esta tecnologia de ponta.

Telefonia

O mercado de telefonia móvel é o mais perto da maturidade, mas ainda há um grande nicho a ser explorado na população da terceira idade e na troca de aparelhos. Além disso, os chamados phablets, híbridos de tablets com telefones celulares, com tamanho e performance equilibrada entre os dois, são uma das tendências para 2014.

Em relação à comunicação, 2014 será a primeira temporada de predominância absoluta dos serviços de instant messaging. Ferramentas como WeChat, WhatsApp e similares pela primeira vez serão duas vezes mais populares até que as mensagens de texto. Serão mais de 70 bilhões de instant messages, contra 21 bilhões via SMS. Ainda assim, a receita proveniente das mensagens de texto será muito superior (US$ 100 bilhões contra US$ 2 bilhões).

Em relação aos aparelhos, sejam eles smartphones ou os cada vez mais decadentes feature phones, além da tecnologia e duração da bateria, a durabilidade e resistência física também devem ser cada vez mais objetos de diferenciação entre eles. Outra grande tendência é a primeira grande vazão dos gadgets usáveis e a chamada internet das coisas. A tecnologia “smart” está sendo difundida em óculos, como o Google Glass, pulseiras de mensuração de rendimento, como alguns produtos da Nike, smartwatches, os relógios inteligentes, de uma série de marcas de eletrônicos, entre outros.

A análise da Deloitte ainda não consegue mensurar o tamanho ou a relevância que tais artigos virão a ter, o que chama ainda de “área cinzenta”, mas decerto o avanço destes está diretamente ligado às funcionalidades disponíveis para eles, por meio de conteúdo ou aplicativos, e à potência de conexão. A “internet das coisas” também influenciará neste quesito.

Televisão

Depois do pico de US$ 115 bilhões em 2011, o mercado de televisões parece manter o nível de faturamento, mas não deve conseguir crescer muito além de seu nível atual. De fato, o estudo da Deloitte prevê uma queda no faturamento do setor até 2018, mesmo com o lançamento de telas ultranítidas.

Em relação à mídia, a assinatura de planos de TV paga tende a ter uma forte acentuação, uma vez que começam a ser contabilizados os pacotes de VOD. Serão mais de 50 milhões de lares ao redor do mundo com mais de um plano dentro de casa, e as versões on demand não devem tomar o lugar da programação tradicional, mas sim ser complementares.

As transmissões esportivas pagas devem crescer 14% em faturamento, adicionando US$ 2,9 bilhões em relação a 2013 e chegando nos US$ 24,2 bilhões de receita. A evolução deste aspecto está mais acelerada do que os outros segmentos do mesmo mercado – isso porque competições sazonais como Jogos Olímpicos ou Copa do Mundo ficam fora dessa conta. A mensuração de audiência também deve passar por modificações, começando por locais como Alemanha e Reino Unido. O estudo considera essa mudança como fundamental para o mercado mais rentável da publicidade, a televisão.

Os tablets rapidamente se tornaram populares e objeto de desejo, seja em sua versão mais básica, como os e-books, seja em modelos mais avançados, com conexão celular, tela ultranítida e uma série de outros benefícios. Segundo a Deloitte, o grande desafio será encontrar o equilíbrio entre potencialidades, forma, tamanhos e preços, sobretudo nos modelos “de entrada”, já que a percepção dos consumidores neste produto é alta e versões com menos tecnologia podem ser vistas como falsa economia.

Conectividade

Se há algumas décadas uma conexão com mais de 1Mbps era apenas uma ilusão, atualmente planos com 100Mbps são cada vez mais comuns. O aumento dessa velocidade impulsionou diversas frentes da nova economia, que demandam um tráfego de dados frequente e robusto.

Todas as plataformas de video on demand (VOD) tem como premissa uma boa conexão, e a evolução tem permitido um aumento significativo em cursos online, os MOOC (Massive Open Online Courses), com transmissões das aulas e interação em tempo real. Eles são uma porta de entrada e mesmo um símbolo da nova economia do conhecimento e da independência geográfica do conhecimento motivada pela web.

Outra modalidade que ganhou força foram as eVisits, consultas médicas à distância. Por meio da transmissão de vídeo, um paciente pode fazer um check-up ou verificar algum problema de saúde no conforto de seu lar. E este mercado “medicinal” já está maduro nos países desenvolvidos e movimentará ao menos US$ 25 bilhões até 2015.