Marcas poderão crescer mais perto dos consumidores

 

É o fogão que desliga quando a comida queima. Ou a geladeira que avisa que o leite está estragado… Pode até parecer ficção científica, mas é realidade. Uma realidade que atende pelo nome de “internet das coisas”, termo que surgiu na década de 1990 por meio do diretor-executivo da Auto-ID Lab do MIT, Kevin Ashton. “Hoje é possível utilizá-la em várias circunstâncias de nosso dia a dia. E as empresas precisam ficar atentas a esta mudança tão importante quanto a Revolução Industrial”, afirma o estrategista em marketing Gabriel Rossi.

Quando uma pessoa sai para correr e o tênis transmite dados do exercício para o celular que, por meio do aplicativo, analisa o desempenho e compartilha nas redes sociais, é um exemplo claro da relação da “internet das coisas” com o mercado consumidor. “É uma novidade que já movimenta bilhões de reais. Estudos recentes revelam que, somente no Brasil, cerca de US$ 2 bilhões devem girar em torno da IoT em 2014. No mundo, mais de US$ 8,9 trilhões serão gerados até 2020”, afirma Rossi.

Para o especialista, a “internet das coisas” representará uma revolução muito mais radical para o mundo do que a web atual. “Ela é a fronteira final na ligação de toda a vida física dos usuários para o mundo digital. Tudo precisará ser de valor evidente para o público-alvo e as marcas serão mais como verbos, em evolução constante e sem um posicionamento muito enraizado”, diz.

Gabriel Rossi garante que não vai bastar ser diferente – será necessário continuar sendo diferente. “Os melhores profissionais da área estudarão, antes de qualquer coisa, como os dispositivos conectados impactarão na vida das pessoas. Outro desafio: como conversar com os consumidores em uma imensa miríade de consoles?”, questiona.

Futuro

Para Rossi, o futuro das marcas será muito mais ligado a como as informações e objetos se conectam, em vez da conexão com as pessoas. “Várias questões podem ser aproveitadas pelas empresas. Um exemplo é a fácil troca dos dados de vendas”, diz. “Sabendo quando, por que e onde os produtos estão sendo comprados, será mais fácil criar estratégias e oferecer experiência sob medida para clientes específicos. Dispositivos inteligentes poderão reunir esses dados e fornecê-los de volta em tempo real, sem a necessidade de profissionais de TI para direcionar ou monitorar a interação”, completa.

O especialista garante que profissionais de branding serão municiados com imensas quantidades de dados úteis e interessantes – ainda mais agora, diz ele, que os produtos terão uma identidade digital. “E essa mesma identidade digital precisa ser entendida e analisada minuciosamente, pois a relevância de cada marca dependerá disso”, conta.

Ainda de acordo com o especialista em marketing, as marcas terão muito mais oportunidades de estarem e “crescerem” perto do consumidor. “Além disso, custos operacionais serão reduzidos, ciclos aumentados e novos modelos de negócios serão criados, pois haverá novos fluxos de valor para o consumidor”. Os consumidores, garante, terão experiências completamente novas com os produtos e com as próprias marcas. “Um dia a internet das coisas será onipresente, como eletricidade”, afirma.

Rossi: revolução mais radical para o mundo do que a web atualPublicidade

Em relação às campanhas publicitárias, Rossi alerta: “Tudo ganhará uma nova dimensão”. Para ele, as ações ficarão bem mais inteligentes. “É seguro afirmar que, de forma geral, as campanhas publicitárias serão mais inteligentes e oferecerão produtos sob medida para clientes específicos”, ressalta Rossi.

Essas transformações deverão representar uma grande ruptura. Segundo Rossi, a própria definição da disciplina precisará de reformulação. “Se o produto torna-se a plataforma de mídia, a mensagem será naturalmente embutida, de forma muito mais elegante, no fluxo social cotidiano das pessoas”, garante. “A internet das coisas permitirá que o consumidor personalize produtos em muito maior escala, unicidade e refinamento do que vemos hoje”, completa.

Rossi também garante que os produtos considerados genéricos e sem grande apelo publicitário serão transformados em produtos inteligentes. “Assim sendo, com ajuda de smartphones, entregarão mensagens dinâmicas que serão ligadas a objetos físicos específicos”.