A internet será a única mídia que apresentará crescimento na receita publicitária em 2009, segundo pesquisa da ZenithOptimedia. O estudo mostra que a web terá um aumento de 12,1% do investimento publicitário no mundo, enquanto a TV e o jornal terão, respectivamente, queda de 5,5% e 12%. Apesar da retração da TV, esta continua sendo a mídia com maior participação no bolo publicitário mundial: 38,6%, o que representa um aumento de 0,4% em relação ao ano passado.
Mas a publicidade como um todo apresentará uma queda de 6,9% neste ano.. A expectativa é de que haja retração no Reino Unido (8,7%), França (7,3%), Alemanha (5,5%), Itália (5%), Espanha (10,1%) e Ásia (3,4%). A Europa Oriental é a que sofrerá maior queda (13,9%), enquanto a América Latina a menor (2%).
Essa pequena queda no investimento publicitário na América Latina parece não afetar o otimismo brasileiro. Segundo especialistas, o mercado da internet está próspero e apresentará um significativo crescimento para este ano.
Previsão
Para Luiz Trindade, diretor comercial da i-Think, os anunciantes dos setores financeiro, automobilístico e de telecomunicações são os principais investidores em mídias digitais. “Nossos clientes dessa área já investem 8% da verba total de publicidade só em digital”, disse o executivo, que tem a expectativa de que a i-Think cresça, neste ano, entre 60% a 70%. Essa previsão é otimista devido à conquista de três novas contas no primeiro trimestre: Imbra, Mega Mamute e Braskem.
No ano passado, segundo dados do IAB (International Advertising Bureau), 3,45% do bolo publicitário foi destinado para internet, o que representa R$ 748 milhões. A expectativa para este ano é de que este número suba para R$ 987,144 milhões em investimento, aumentando a participação da internet para 4,2% do bolo publicitário.
O primeiro trimestre deste ano, para a AG2, teve um crescimento de 20%, mas a expectativa é de que o ano todo tenha um desempenho 30% superior ao ano anterior. “Os próximos meses serão melhores que os primeiros”, comentou Cesar Paz, presidente da AG2.
De acordo com Renato de Paula, gerente geral da OgilvyOne Brasil e diretor regional da OgilvyOne América Latina, a tendência é de que a cada ano haja um aumento da participação da internet no investimento publicitário. “É evidente o crescimento ano após ano, principalmente, de clientes que, anos atrás, investiam o que sobrava da verba e agora já reservam uma boa parte somente para isso”, disse.
Renato de Paula observou que as empresas de bens de consumo começam a investir mais em internet e a maior parte dos clientes destinam cerca de 5% de sua verba somente para essa mídia que, na opinião do executivo, não é pouco, já que são anunciantes com verbas consideráveis. “Não tenho dúvidas de que as expectativas são positivas, apesar da crise. O ano será muito especial, sem dúvida”, comentou Renato, que aposta em prospecção de novos clientes. “Atualmente, estamos participando de quatro concorrências e os resultados devem sair dentro de 30 dias”.
150%
Um crescimento de 150% é o que espera Gustavo Morale, ceo da HOTWords – mídia de massa segmentada – para os próximos meses. “É bem bruta e ousada, mas é a previsão que tínhamos desenhado no ano passado. Não tiramos o pé do acelerador não. Estamos executando o mesmo plano, mas espertos com questões limitadoras como a redução de verbas”, disse. Atualmente, a HOTWords atende 22 milhões de pessoas por mês e tem parceria com 10 mil sites.
Os portais também estão otimistas. No primeiro trimestre, o Terra apresentou um aumento de 15% em sua receita publicitária em comparação com o mesmo período do ano passado. “Nossa projeção de crescimento para o ano é de 32% com maior aceleração a partir do segundo semestre. Os setores com maior contribuição são os mesmos dos anos anteriores, destacando-se o varejo online, setor financeiro e as montadoras”, afirmou Paulo Castro, diretor geral do Terra, que acrescentou ainda que os formatos mais procurados são a publicidade destinada a celulares e no TerraTV, televisão via web do portal.
Ficar acima da expectativa do mercado é o objetivo do iG para este ano.. De acordo com Marcelo Lobianco, diretor de publicidade do portal, enquanto o mercado de internet espera crescer 30%, o portal crescerá 35%. O mesmo ocorreu no ano anterior, no qual a empresa apresentou um crescimento de 53% e o mercado 44%. “Foi um ano glorioso e ganhamos market share”, disse Lobianco, que estranhou que no primeiro trimestre a verba excedente foi para TV aberta e não para a internet. “A internet é flexível e oferece a possibilidade de ajustar a campanha, mesmo ela estando no ar. E quem entra não sai”.
Mercado nacional
Enquanto a maior parte dos especialistas afirmou que a crise econômica é a principal colaboradora para o aumento do investimento em internet devido à sua eficácia e precisão na mensuração dos resultados, Abel Reis, presidente da AgênciaClick, discordou. “Falamos que a crise está assombrando os clientes e isso os faz investir mais em internet. Não relaciono a crise com o aumento do investimento em digital porque no Brasil há uma penetração muito grande da internet e qualquer anunciante de médio e grande porte não pode ficar de fora”, observou.
Segundo o IAB, a expectativa para 2009 é de que haja 68,5 milhões de pessoas conectadas no País. No ano passado, este número foi de 62,3 milhões. De acordo com dados do Ibope/Net Ratings e Ibope/Nielsen Online, em 2008 houve um crescimento de 20% nas vendas de computadores e a banda larga teve uma penetração de 83,10%, o que representa 20,4 milhões de pessoas. A previsão do IAB é de que este ano haja 87% de penetração de banda larga no País.
Conforme Lobianco, a internet não pode mais ser desprezada como mídia. “Toda classe A/B já está na internet e quase toda a classe C também. O Brasil é o País que mais tem tempo per capita na internet e já é o segundo veículo de massa, perdendo apenas para a TV”, afirmou.
Segundo o TGI Brasil, em 2008 todas as classes sociais apresentaram uma participação em uso de internet: 76%, classes A e B; 39%, classe C; e 21%, classes D e E. A expectativa do IAB é que em 2009 estas proporções aumentem: 80%, classes A e B; 45%, classe C; e 25%, classes D e E. Além disso, a entidade prevê que a cada duas pessoas da classe C, uma se torne internauta.
Em números absolutos, a quantidade de usuários ativos em janeiro deste ano foi 16% superior ao mesmo período do ano passado: 24,467 milhões de usuários em 2009 contra 21,1 milhões em 2008, segundo levantamento do Ibope/NetRatings.
O tempo de navegação por usuário também foi superior em janeiro deste ano: 24h49 minutos. Os países que mais se aproximaram do Brasil foram: Reino Unido (24h37), França (24h35) e Espanha (24h06).
por Maria Fernanda Malozzi