Por Tiago Melchior, redator da BETC São Paulo

Foto: Divulgação / Gustavo Ipolito

 

 

Não é todo dia que você abre uma revista e se depara com Washington Olivetto, disfarçadamente, entretido por uma Playboy. Ou Joanna Monteiro toda curiosa com um livro da Coleção Sabrina. Ou, ainda, Marcio Oliveiracom a picante Penthouse. E não é todo dia que cai no colo um job como o da campanha de 60 anos da Revista Propaganda.

 

Vamos voltar a fita um pouquinho. Assim que recebemos o briefing e batemos um papo com o pessoal de Marcas & Negócios, passamos o dia pesquisando sobre o que de legal poderíamos contar. Acabamos numa irresistível viagem pela história da propaganda.

 

Em 1956, surgia a Revista Propaganda, um dos veículos brasileiros mais importantes do nosso segmento. Já em 1959, Bill Bernbach reinventava a forma de fazer propaganda. É isso mesmo:dá para acreditar que a revista surgiutrês anos antes de ser feito”ThinkSmall”, o anúncio mais icônico de todos os tempos? Dá para acreditar que tudo começou nos anos 50, antes mesmo daquela época dos figurões da Madison Avenue retratada em MadMen? Puxando para a Terra de Vera Cruz – tá bom, Brasil, não étaaaaaanto tempo assim –, dá para acreditar que foi antes de grandes nomes que tornaram a nossa publicidade grandiosa como é hoje serem publicitários ou, em muitos casos, sequer nascerem?

 

Imagine a publicidade nacional sem pensar em Marcello Serpa, Nizan Guanaes, Washington Olivetto, Ruy Lindenberg, Joanna Monteiro, Fábio Fernandes e tantos outros nomes. Tem como?Isso quer dizer que a Revista Propaganda já estava lá quando eles começaram a cogitar a publicidade como profissão. Entre bandas, bebidas, festas, paixões, esportes, planos, sexo, drogas, rock’n’roll e outros pensamentos que inundavam a cabeça de um adolescente naquele tempo, o interesse pela propaganda começava a dar seus primeiros sinais.

 

Chegamos onde queríamos: a Revista Propaganda foi a fonte de informação dos grandes publicitários quando eles nem mesmo eram publicitários. Então pegamos um momento da adolescência um tanto quanto íntimo, de autodescoberta e uma boa dose de – digamos – safadeza, que todos já devem ter passado.

 

E já que a ideia era retratar grandes publicitários no início de suas carreiras, não seria ideal fazer um casting com jovens que não só parecem com eles fisicamente, mas estão também na mesma situação? Foi aí que o Gabriel (representando o Washington), a Isabela (Joanna) e o João (Marcio) entraram na campanha.

 

Hora de produzir as fotos. Contamos com o excelente trabalho da2Due Produção Executiva e do StudioBoop. Conseguir objetos e roupas antigas para compor o cenário foi uma diversão à parte. E haja nostalgia. Em uma tarde imersa nos anos 60 e 80, nos vimos entre edições antigas de revistas, toca-fitas, garrafas e embalagens de marcas já extintas (como Grapette), cortinas e almofadas de vó. Os cliques de Gustavo Ipolitoconseguiram capturar muito bem a atmosfera da época e o clima descontraído que a gente queria passar.

 

De volta à agência, era hora de dar aqueladestruidinhano trabalho do fotógrafo, para que as imagens tivessem essequêde antigo. Desculpa aí, Gustavão! Ainda assim, para nós, o resultado final não poderia ter ficado melhor: uma campanha histórica para marcar os 60 anos de uma revista histórica.

 

Geralmente os textos desta seção são escritos pelo diretor de criação. Mas fazia todo o sentido pôr o redator que também está no começo da carreira e espera um dia ser um Olivetto para escrever. Foiaí que euentreinahistória 🙂