O Ipsos Public Affairs, realizado nesta quarta-feira (28), em São Paulo, fez uma viagem há dez anos na história socioeconômica do Brasil. O objetivo do encontro foi fazer uma retrospectiva dos últimos dez anos da pesquisa Pulso Brasil, que acompanha as tendências político-econômicas e sociais do país. 

Dorival Mata-Machado, managing director da Ipsos Public Affairs, classificou esse período como “anos que encantaram e desiludiram o Brasil”. “Fomos do oito ao 80 numa velocidade gigantesca”, afirmou. 

Como exemplo de encantamento estão fatos como a ascensão de milhões de pessoas à classe C. “A classe AB também foi beneficiada, porque conseguiu viajar por vários países do mundo”, contou. Já em relação ao desencanto, diversos pontos foram destacados, entre os quais, a própria situação da economia. 

Já Alessandro Alves, diretor sênior de Global Modeling Unit, também destacou as duas situações opostos que o Brasil atravessou em dez anos. “Em 2010, no G-20, por exemplo, o Brasil era o quinto país que mais havido crescido”, exemplificou. Para ele, 2015 veio com uma sensação diferente. “Este ano começou com a mesma sensação do 7 a 1 de 2014, só que em outras áreas”, brincou. 

O estudo também revelou que, entre os brasileiros, voltou a crescer a percepção de que os problemas econômicos devem ser resolvidos em primeiro lugar e que as questões sociais voltam a ser secundárias. Dessa forma, saem questões que levaram a eleição do governo atual e voltam à pauta de reivindicação, fatores que definiram o pleito eleitoral na década de 1990. 

Além disso, a exigência por transparência ganha em relevância, uma vez que, pela primeira vez em uma década, mais de um em cada 10 brasileiros consideram que o principal problema a ser resolvido no Brasil é a corrupção (14% da população). 

POLÍTICA
O levantamento discutiu ainda a crise na representação política correlacionada com esta mudança de paradigma – baixa aprovação da população em relação aos políticos atuais, colocando em questão quais são as alternativas para o pleito de 2018. 

Setembro terminou com 8% de aprovação da administração da presidente Dilma Rousseff. Os baixos índices de aprovação do governo da presidente já são uma realidade há vários meses no país e têm desencadeado diferentes discussões sobre a representatividade do governo na conjuntura atual. 

Os dados da pesquisa Pulso Brasil revelam também um grau significativo de desconhecimento e desaprovação generalizada de todas as figuras políticas do cenário nacional, notadamente uma aprovação, especialmente baixa dos representantes máximos do poder legislativo. 

“Pode ser somente um respiro de fim de ano, mas não encontrando o caos que esperava, o eterno otimista brasileiro já começa a acreditar que chegamos ao fundo do poço e apostar que daqui para frente só vai melhorar”, afirmou Mata-Machado.