1. A presidente Dilma Rousseff ao que tudo indica, ainda não se refez das vaias que levou no Itaquerão, quando do jogo de abertura da Copa do Mundo.

De lá para cá, repetem-se as demonstrações de irritação de S. Exa., mesmo com o ex-presidente Lula da Silva ter vindo em seu socorro para jogar nas costas da elite branca a responsabilidade pelos apupos.

É bem verdade que, surpreendentemente, o ministro Gilberto Carvalho divergiu de Lula, informando aos repórteres ter visto mais que a elite branca vaiar a presidente.

De lá para cá, muito se tem falado em racha no principal partido do governo, com duas alas disputando posições e opiniões, principalmente quanto ao processo eleitoral de outubro. Uma, favorável a Lula para sair candidato, outra, apoiando o que já estava estabelecido.

Tudo isso acabou sendo igualmente desmentido, deixando porém um saldo de abespinhamento na presidente Dilma Rousseff. Dentro desse cenário, ocorreu na última semana a repercussão do episódio Santander, fartamente divulgado pela mídia, com a presidente insurgindo-se contra o tradicional banco espanhol, afirmando não admitir que questões econômico-financeiras invadam o espaço que pertence à campanha eleitoral, de há muito já iniciada pelos interessados.

Nessa etapa da história, evidencia-se uma série de equívocos, com a presidente Dilma Rousseff arranhando a nosso ver inclusive o princípio constitucional da liberdade de expressão, ao criticar de forma veemente o parecer de uma analista do Santander, dirigido a correntistas e investidores que usam o banco com permanência de valores superior a R$ 10 mil.

Segundo o parecer, o comportamento da economia nacional sofre quando as pesquisas de intenção de voto fazem a candidata Dilma Rousseff subir e melhoram quando decorre o contrário.

De acordo com os relatos publicados pela imprensa, a análise da funcionária do Santander foi mais longe, alcançando o resultado das eleições, com previsão de um cenário difícil caso ocorra a vitória de Dilma Rousseff.

É exatamente isso que as Bolsas têm retratado nas últimas semanas e os analistas têm dito e escrito nos seus comentários sobre o nosso cenário econômico.

Mas, houve a reação pontual da presidente Dilma Rousseff contra o Santander e o seu presidente mundial não tardou em – mesmo à distância – demitir a funcionária responsável pela análise.

Uma atitude que merece reprovação, pois motivada por outros interesses que não o de corrigir um possível erro do Santander, cometido por um dos seus empregados.

Outro equívoco foi praticado pelo ex-presidente Lula da Silva, que parece gostar de entrar nessas divididas, ao qualificar a analista do Santander como “uma mulher que não entende porra nenhuma de Brasil”.

No mínimo, dois desaforos: um, contra a mulher, outro, com o uso do calão contra ela. Sem se falar que o maior líder do Partido dos Trabalhadores, repetimos, Trabalhadores, insurge-se contra uma trabalhadora no desempenho das suas funções, apoiando, ainda que de forma indireta, o patrão que a demitiu, ao invés de defendê-la.

Carlito Maia, um dos maiores – senão o maior – propagador do PT junto aos publicitários, à mídia e aos seus amigos (e até inimigos) em geral, deve estar indignado lá no etéreo.

2. Ainda não acabou: agora, nossa presidente agarra-se a combater o pessimismo, segundo ela, dos empresários, sem se ater para o que a vida ensina: pessimismo não é causa, é efeito.

Se os empresários – e não somente eles – estão pessimistas, devem ter lá seus motivos, diante de um quadro econômico já desfavorável do país e que ameaça piorar, por todos os indicadores que vêm sucessivamente sendo divulgados, inclusive pelo próprio governo.

A presidente Dilma Rousseff tem todo o direito de defender a sua reeleição, evitando contudo a tentação do embate falacioso e do ataque desproporcional (ops!), tendo em vista principalmente estar exercendo o mais alto cargo da administração pública brasileira.

Recomendamos a ela, se nos permite, a leitura da biografia política do presidente JK, que, mesmo em campanha e já no poder, jamais atacou quem quer que fosse, concedendo inclusive anistia para os revoltosos de Jacareacanga, dentre os quais o célebre major Veloso.

3. Esta edição do propmark traz um resumo dos cases vencedores do 13º Marketing Best Sustentabilidade, julgado por membros da Academia Brasileira de Marketing e que elegeu na categoria Cidadão Sustentabilidade, o presidente do Hospital Israelita Albert Einstein, Doutor Claudio Lottenberg, que também preside o Lide Saúde.

A homenagem tem muito a ver com o exemplo de que é possível administrar um complexo hospitalar do tamanho do Einstein com bons resultados, tornando-se inclusive padrão mundial no setor.

4. A título de curiosidade, reproduzimos os vinte maiores anunciantes do mercado brasileiro em 1974, segundo o Caderno de Marketing de 1975, um apêndice especial e anual do propmark: Gessy Lever, Souza Cruz, Nestlé, Ducal/Bemoreira, Volkswagen, Grupo Bradesco, General Motors, São Paulo Alpargatas, Grupo Rhodia, Grupo Silvio Santos, Varig/Tropical, Henkel, Anakol, Johnson & Johnson, Banco Nacional, Cigarros Santa Cruz, Sanbra, Grupo Itaú, Ford e Sears. (Obs.: Mantivemos os nomes da época desses anunciantes).

Este editorial foi publicado na edição impressa de Nº 2509 do jornal propmark, com data de capa desta segunda-feira, 4 de agosto de 2014