O ano de 2013 começa com ainda menos agências digitais com capital 100% brasileiro. Na manhã desta quarta-feira (16), a Sapient Nitro confirmou seu primeiro escritório na América Latina, tendo como caminho para isso a aquisição de 81% das ações da iThink, uma das únicas remanescentes entre as grandes representantes do segmento, após os últimos dois anos serem marcados por uma enorme ofensiva de grupos internacionais — que culminaram com a compra de Gringo e F.biz, pelo WPP, e da AG2, pelo Publicis Groupe, entre outros.
“Tivemos um crescimento muito acelerado nos últimos cinco anos, sempre acima da média do mercado, o que gerou o assédio de todas as holdings internacionais. Porém, a demora para a conclusão de uma negociação aconteceu pelo mesmo motivo da demora da Sapient Nitro para chegar ao Brasil: era necessário encontrar um parceiro ideal, com a mesma filosofia e as mesmas crenças. Não queríamos só um sobrenome ou ser um ponto no mapa, mas sim admirar e poder aprender com nossos sócios”, explicou Marcelo Tripoli, sócio-fundador da iThink e ceo da agora Sapient Nitro iThink — nome que deve ser mantido nos próximos seis meses, até que a marca brasileira desapareça.
As conversas para o fechamento do negócio duraram cerca de dois anos, tendo início em dezembro de 2010. Assim como do lado da iThink, a necessidade por uma similaridade de conceitos se mostrou fundamental para a aquisição — prática rara na Sapient Nitro. “O Brasil é nossa entrada na América Latina, onde diversos clientes globais pediam nosso suporte também por aqui. Não somos uma grande holding, mas sim uma única empresa presente em vários lugares. Por isso, preferimos crescer organicamente, fazendo raras aquisições, com viés puramente estratégicos. Aplicamos uma visão única da Sapient Nitro para todos os nossos agora 36 escritórios. A iThink passa a ser um modelo fundamental para nossa estrutura”, contextualizou Gaston Legorburu, CCO global da Sapient Nitro.
De imediato, a operação que contava com os três fundadores — além de Tripoli, completam a lista Luiz Trindade (vice-presidente de novos negócios e RH) e Tiago Cruvinel (vp de operações — como únicos sócios, passa a contar com cinco brasileiros dividindo os 19% remanescentes. Juntam-se ao time, com participação minoritária, Patrícia Andrade, como vp de negócios e delivery; e Carlos Borges, como diretor de planejamento e mídia. A intenção da Sapient, porém, é adquirir os 100% das ações de sua operação no país futuramente.
Debut
A Sapient Nitro nasceu da aquisição da primeira frente à segunda em junho de 2009. Na ocasião, a Nitro atuava no mercado brasileiro por meio de parceria com a Santa Clara — formando a então Santa Clara Nitro. Apenas em abril de 2010 foi comunicado ao mercado que a agência brasileira não tinha mais ligação com o parceiro internacional.
Segundo Legorburu, porém, a Sapient Nitro nunca teve real presença no Brasil, já que, com a aquisição da Nitro, o vínculo com a Santa Clara foi quebrado de imediato, apesar da falta de informação à época. “Quando compramos a Nitro, eles tinham uma joint venture com a Santa Clara. Porém, no momento da aquisição, o contrato deixou de ser válido. Até conversamos para pensar numa possível parceria, mas percebemos, mutuamente, que não existia sinergia de objetivos e conceitos entre as empresa. Por isso, consideramos que esta não é uma reentrada no mercado brasileiro, mas sim o início de nossa presença por aqui”, enfatizou o CCO.
Primeiro lugar
Não há na carteira da iThink clientes coincidentes com os da Sapient Nitro globalmente. O caso é visto com bons olhos por Tripoli, que pretende ter uma abordagem agressiva de prospecção ainda nesta semana, contando com a presença de Legorburu no Brasil, e nos próximos meses. “Temos uma agenda cheia de reuniões com os atuais clientes da iThink e com contas atendidas globalmente pela Sapient Nitro. A intenção é investir bastante numa aproximação com prospects”, confirmou o ceo da Sapient Nitro iThink.
Unindo a chegada da nova parceira com a postura em questão, o objetivo do executivo é sagrar-se nada menos que a maior operação digital do mercado brasileiro. “Queremos ser a maior. Não levo o quesito compra de mídia como parâmetro, até porque temos vários projetos muito interessantes que não usam mídia, mas sim medidores como o respeito frente ao mercado e o número de negócios e projetos colocados em prática, assim como nosso faturamento”, finaliza.