Depois de um lançamento festivo no último domingo (25), o Jornal do Brasil deixa, aparentemente, de empolgar com edições de poucas páginas, quase nenhum anúncio e pouco jornalismo/reportagens, o que tem gerado muitos comentários nas redes sociais. Procurado por PROPMARK, o dono do jornal, Omar Catito Peres, não deu retorno para falar sobre como o jornal seguirá em frente sem gerar interesse maior no público e, ao que tudo indica, em agências e anunciantes. Nesta terça-feira (27), o que se encontra na página do jornal é a edição de segunda-feira (26). As edições impressas têm sido disponibilizadas apenas no dia seguinte no site.
Segundo fontes do PROPMARK, o jornal ainda está se estruturando: não anunciou um diretor comercial, não tem uma sede definitiva, e teria fôlego para passar alguns meses apenas com o retorno de vendas em bancas. As edições estão sendo rodadas na gráfica do Jornal O Globo.
A primeira edição teve uma tiragem de 40 mil exemplares que, segundo informações divulgadas por Peres, esgotou. Trazia textos de políticos de diversas facções – de Luis Inácio Lula da Silva a Michel Temer – apresentando, como se comenta, um jornal com uma visão “sem lados” , nem direita, nem esquerda, talvez mais “para o centro”. A aposta também parece ser, propositadamente, de menos reportagens e mais análise, como nomes fortes como Tereza Cruvinel em política, Renato Maurício Prado em esportes, Romildo Guerrante em cidade e René Garcia Jr. em economia.
“O jornal ainda não tem grandes reportagens, e talvez nem venha ter, mas há matérias analíticas e a coluna da Teresa Cruvinel é de primeira. Aliás, a editoria de Política está forte, com três repórteres/editores experientes assinando os textos. Entendo que a proposta é deixar de lado o factual, já fartamente publicado na internet, e apostar num conteúdo diferenciado.”, analisou a jornalista e professora da UFF, Larissa Morais, convocando os amigos a comprar o jornal “para prestigiar”.
O publicitário e jornalista Jomar Pereira da Silva opinou nas redes sociais sobre o lançamento do jornal: “Treino é treino, jogo é jogo. No treino de ontem foram 52 páginas e 10 anúncios e hoje 22 páginas e 1 anúncio. Ainda no treino, apenas artigos relacionados ao passado, numa inclusão plural de nomes um tanto condenáveis, excluídos dois presidiários e nenhuma linha sobre os antigos administradores do jornal, diretores, gerentes, revisores, publicitários, circulação, linotipistas, etc. Daqui para frente começa o desafio, a sustentação econômica do JB com receita de vendas em bancas e anúncios, quando os mídias das agências de publicidade vão avaliar o custo por milheiro (O preço da tabela com a circulação).”, escreveu no Facebook. Jomar trabalhou no Jornal do Brasil nos anos 60 como revisor, chefe de publicidade dos classificados e contato de publicidade.
O jornalista Nilson Brandão Jr. deu seu voto de confiança ao produto: “Anacrônico, atual e inovador, o JB que chega às bancas desperta perspectivas. Desperta também o escrutínio de intenções, em regra, menos eficaz do que a crítica franca sobre os impactos. Percebo que o jornal não emerge para fazer o que os outros fazem, não tem estrutura equivalente. Não é trivial colocar um jornal nas ruas. Há empenho. Sigo curioso em ver a evolução do produto e seus impactos, que, torço, sejam positivos como contribuição para uma cidade, um estado e um país melhores para totos”, opinou.
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