Quando foi ao mercado buscar patrocínios para a Jornada Mundial da Juventude, evento que será realizado no Rio de Janeiro entre 23 e 28 de julho pelo COL (Comitê Organizador Local) da Igreja Católica e que deve atrair pelo menos dois milhões de pessoas, a produtora Dream Factory sentiu resistência. Isso porque boa parte das marcas prefere não se envolver em eventos de cunho religioso. Mesmo assim, depois de cerca de um ano de captação, fecharam patrocínios os bancos Bradesco, Itaú, Santander – patrocinador da edição de 2011, em Madri, na Espanha –, além das empresas Ticket, TAM, Havas e Universidade Estácio de Sá. O total arrecadado é de quase R$ 8 milhões. Pelo menos mais cinco marcas ainda devem entrar no grupo, aportando pelo menos R$ 20 milhões para o evento, cujo orçamento de produção total é da ordem de R$ 130 milhões.

Duda Magalhães, diretor da Dream Factory – uma das principais produtoras envolvidas no evento e responsável por levantar patrocínios –, diz que a mudança do Papa foi positiva para a Jornada. A vinda de Francisco passou a ser mais esperada – e pode modificar vários itens da agenda de sua visita, uma vez que o encontro originalmente previa a vinda do Papa Bento XVI, mais idoso e de perfil mais conservador. “O fato de ser o primeiro Papa latino-americano é positivo. Deu uma visibilidade grande para o evento”, diz Magalhães.

A jornada existe desde 1984, quando foi criada pelo Papa João Paulo II, e é sua primeira vez no Brasil – e segunda na América Latina. O maior público reuniu, em 1995, em Manila, nas Filipinas, cinco milhões de jovens. O evento já passou por Argentina, Espanha, Polônia, França, Itália, Canadá, Alemanha e Austrália. “O evento está estruturado. Mas como o Papa Francisco é mais jovem, ativo e gosta de circular entre as pessoas, sua programação paralela – encontros com autoridades, entre outros compromissos – será revalidada com ele e pode sofrer modificações”, conta Magalhães.

A Dream Factory tem três atribuições: o planejamento da produção e o levantamento do orçamento da Jornada, que teve início em dezembro de 2011; a coordenação da captação de patrocínios; e o contrato de produção do evento de Guaratiba – que reúne mais de dois milhões de pessoas. A SRCom está responsável pelas ações que serão realizadas em Copacabana. Este ano, o público total da Jornada deve atingir o máximo de 2,5 milhões de pessoas. Inscritos, cerca de 500 a 800 mil – principalmente peregrinos de fora do Rio ou do país, que adquirem pacotes de hospedagem, o que inclui ajuda de alimentação e transporte, seguro-viagem e um kit com camiseta, mochila, livros de oração. Todos os eventos são gratuitos.

O turismo religioso deverá ser lucrativo para a cidade. Em 2011, Madri teve cerca de dois milhões de participantes, sendo que 10% dos peregrinos permaneceram na cidade por pelo menos quatro dias e 70% deles vinham de outros países da Europa, da América Latina, dos Estados Unidos e do Canadá. Foram gerados, de acordo com a PricewaterhouseCoopers, três mil postos de trabalho em Madri e cinco mil em todo o país.

Magalhães afirma que o público é muito variado e não é só composto de jovens. “O evento contará com a participação de 2,5 milhões de pessoas, mas virão de fora, provavelmente, entre 500 mil e um milhão de pessoas. O mesmo acontece no Carnaval. A cidade recebeu 980 mil turistas no período e não houve caos por causa disso”, lembra.

A Dream Factory costuma atuar em eventos como Carnaval, Árvore de Natal da Lagoa, Rock in Rio, SoccerEx, entre outros. Sobre os patrocínios, Magalhães explica que as empresas terão as marcas expostas pela cidade e em especial na Arena de Guaratiba e poderão explorar áreas para convidados e fazer relacionamento interno com seus públicos. A TAM Viagens é responsável pelo mercado doméstico e latino e a Havas pelo turismo internacional. Já a Universidade Estácio de Sá treinará cerca de 70 mil voluntários que trabalharão no evento.