Uma das peças que destaca os 185 anos do Jornal do Commercio na mídia

 

Durante escavações recentes na zona portuária do Rio de Janeiro, foi encontrada, dentro do bloco de granito da pedra fundamental da Cia Docas Pedro II, uma cápsula do tempo. Dentro, uma edição do Jornal do Commercio do Rio de Janeiro, datada de 15 de setembro de 1871. Na época era comum colocar jornais, moedas e outros itens na pedra fundamental de obras importantes, para ajudar a contar sua história. Quando foi colocado na cápsula, o Jornal do Commercio já era um veterano: tinha 44 anos de existência. Este mês, o JC comemora 185 anos de vida, precisamente nesta segunda-feira (1º), e celebra o fato de ser o mais antigo veículo impresso em circulação ininterrupta na América Latina.  Não é pouca coisa, em um país onde vimos sucumbir diversos jornais ao longo da história.

“O JC chega aos 185 anos sólido, consagrado como o veículo mais pesquisado da Biblioteca Nacional pelo meio acadêmico. Não há cenário histórico ou econômico que se possa construir do Brasil que não tenha sido registrado nas páginas do Jornal do Commercio”, afirma seu diretor-presidente Mauricio Dinepi, no cargo desde 2003. O jornal encontra-se instalado hoje na Rua do Livramento, mas está em vias de adquirir uma nova sede em São Cristóvão, para onde também serão transferidas as rádios Tupi e Nativa, que fazem parte do grupo Diários Associados. Seu parque gráfico também será modernizado, com aquisição de novas rotativas e outros equipamentos. Outro projeto é lançar versões para mídias digitais e digitalizar todas as edições destes 185 anos, disponibilizando a coleção na internet.

Hoje, o JC concentra-se, principalmente, na cobertura econômica do Rio de Janeiro. “Até os anos 80 fomos soberanos. Depois, o mercado tornou-se mais competitivo, o que é muito bom, pois nos impõe repensar o produto e estratégias de comercialização, sem comprometer a qualidade editorial e a estabilidade financeira da empresa. Por isso estamos aqui há tanto tempo”, diz Dinepi. Ultimamente, o foco editorial tem sido oferecer uma visão mais ampliada sobre governança corporativa, saúde, gastronomia, informática & games e até esporte — assunto que, segundo Dinepi, vinha sendo reivindicado pelos leitores e que é abordado de modo pontual, mais focado no business do setor. “Reconhecemos que há muito a fazer nessa área e dentro em breve surpreenderemos nossos leitores também no ambiente mobile. Falta pouco para isso se concretizar”.

Ele afirma que o maior desafio para a comunicação é a qualidade dos conteúdos oferecidos. “Com tantas frentes — tablets, smartphones, mídias alternativas — o consumidor de informação precisa de algo que realmente o prenda pelo valor, pelo ineditismo e pela fidedignidade da notícia”, afirma.

Comemorações

Para celebrar a data, desde janeiro o jornal veicula em suas páginas o selo dos 185 anos. Ao mesmo tempo, veicula campanha criada pela agência Todos Nós e realiza nesta segunda (1º) uma festa no hotel Copacabana Palace, onde homenageará 10 personalidades que têm, segundo o jornal, contribuído para o desenvolvimento do Brasil. São eles: a presidente da república, Dilma Roussef; o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva; o governador do estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral; o prefeito do Rio, Eduardo Paes; o ministro do Supremo Tribunal Federal, Luiz Fux; a atriz Bibi Ferreira; o presidente da Unicafé, Jair Coser; o presidente do Conselho de Administração do Grupo Gerdau, Jorge Gerdau; o presidente do Conselho de Administração  do Grupo Bradesco, Lázaro de Mello Brandão; e o diretor-presidente da Light, Paulo Roberto Ribeiro Pinto. Também nesta data, veicula uma edição histórica.

A campanha publicitária dos 185 anos, que está sendo veiculada nas páginas do jornal e em veículos do trade, destaca momentos históricos cobertos pelo veículo, como a guerra do Paraguai, a revolta da vacina em 1904, a assinatura da Lei Áurea, em 1888, e a proclamação da República, no ano seguinte.

Colaboradores

O Jornal do Commercio foi fundado por Pierre Plancher, que antes de chegar ao Brasil era, em Paris, editor de Voltaire, de Benjamin Constant de Rebecque e de outros intelectuais. Também se destacava na França como um mestre das artes gráficas. Plancher não se enquadrava no regime vigente na França e era perseguido por suas tendências liberais na época da Restauração, sob Luiz XVIII. Por isso teve de emigrar.

Chegou ao Brasil em 1824 e aqui instalou sua oficina, com modernos equipamentos que trouxe da França, juntamente com alguns operários especializados que representavam, na época, o que de mais avançado existia no ramo. Ele fundou dois jornais: o Jornal do Commercio e o Spectador Brasileiro, que circulou até o dia 23 de maio de 1827.

Plancher retornou a Paris quando mudou o regime francês e teve como sucessores na sua direção os franceses Junius Villeneuve, Francisco Picot e Julio de Villeneuve, que mantiveram o diário até 1890. Durante este período foram colaboradores, entre outros, Justiniano José da Rocha, José Maria da Silva Paranhos, o Visconde do Rio Branco, Carlos de Laet, Francisco Octaviano, José de Alencar, Homem de Mello, Joaquim Nabuco e Guerra Junqueiro, entre outros intelectuais. O próprio Pedro II escrevia sob pseudônimo no jornal e influía em seus editoriais, a ponto de um destes ter causado a queda do ministério.

O jornal desempenhou o papel de precursor da Academia Brasileira de Letras, cuja fundação é datada de 20 de julho de 1897, tendo como seu primeiro presidente o escritor Machado de Assis — outro colaborador ilustre do jornal, junto com Euclides da Cunha e o Barão do Rio Branco.