O filme Que horas ela volta, com Regina Casé, que concorre ao Oscar 2016, mostra uma interessante “concorrência” no vestibular por vaga na mesma universidade entre a filha da empregada doméstica, vivida por Casé, e o filho de seus patrões. 

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Os personagens, com origens e histórias bastante diferentes, competem ali em grau de igualdade – uma situação cada vez mais comum no Brasil, de acordo com a pesquisa com as classes C e D realizada pelo Ibope e pelo COR para o jornal carioca Extra.

O levantamento quantitativo e qualitativo ouviu mais de 1.500 pessoas nas principais cidades do país para mapear os efeitos do acesso à tecnologia nas transformações da classe C. Os resultados foram consolidados na pesquisa Conquistadores Digitais, que submeteu os hábitos da classe C com a tecnologia a um verdadeiro raio x.

O título do estudo revela o sentimento de conquista que une os integrantes da classe C no Brasil: são pessoas que souberam aproveitar um contexto favorável e, pelo próprio mérito, tornaram-se “conquistadores”. Dos entrevistados, 75% estão trabalhando, sendo que 31% possuem o próprio negócio.

Segundo Octavio Guedes, diretor de redação do Extra, a pesquisa mostra que os novos hábitos da classe C, como ir ao restaurante nos fins de semana ou viajar pelo país nas férias, foram intensificados pelo acesso a mais informações proporcionado pela internet. Hábitos fortemente incorporados são a pesquisa de produtos, preços, endereços, além do compartilhamento de experiências e opiniões.

“O objetivo da pesquisa foi aprofundar ainda mais os conhecimentos que o Extra tem dos hábitos de seus leitores do impresso e das plataformas digitais. Daí a realização de uma pesquisa nacional, abrangente, sobre a classe C e a tecnologia. Ficou claro que a tecnologia, especialmente na era dos smartphones, é um suporte de suas escolhas de consumo e vida”, diz Guedes.

A pesquisa constatou também que o investimento na educação é uma das prioridades para essa população: casa ainda aparece no topo (29%), mas a educação é prioridade para 19% das pessoas, com especial valor para fazer uma boa faculdade (13%) e para aprender um outro idioma (6%). As famílias consideram que seus filhos farão faculdade e alguns adultos que já trabalham estão voltando a estudar. Há forte interesse em cursos de inglês e 17% dos entrevistados já fazem faculdade a distância. Ao todo, 24% dos entrevistados possuem curso superior completo ou incompleto. O percentual há dez anos era de 18%.

A classe C está conectada: em média há quatro dispositivos por casa, sendo que o smartphone é o principal meio de acesso à internet (47%). Entre os jovens, o número sobe para 56%.

“Em casa, o jovem da nova classe média é o protagonista na hora das decisões de compra sobre smartphones e aparelhos de tecnologia. Ele não tem os recursos, mas tem a experiência do uso intensivo de celulares, computadores e redes sociais, influenciando assim a decisão dos pais, por exemplo, no momento da compra da nova televisão. Esse jovem está hiperconectado e possui referências que os pais não tiveram a oportunidade de ter. Por isso, a opinião dele tem grande peso no consumo e no uso de tecnologia na família”, diz Guedes.

Para a classe C, a marca não é tão importante na hora de comprar o smartphone, sim a performance do aparelho. Outra tendência: tablets se transformaram em brinquedos de criança.
O levantamento também apontou que o video on demand já está no radar da classe C: os assinantes desses serviços já representam 9% do público e 10% dizem que precisam ter.