Tira o “rádio” antes de Jovem Pan, e coloca “grupo” no lugar. A mudança na forma de se denominar ao mercado simboliza uma grande transformação na casa que completou 75 anos em maio de 2019.
Roberto Araujo, CEO da Jovem Pan, ressalta que o rádio continua relevante, mas seu alcance tem sido e será ainda mais potencializado com o ecossistema de iniciativas, formatos e ações da empresa.
“Somos criadores de conteúdo. Se tiver de ser no rádio, será, se tiver de ser no YouTube, que seja no YouTube, ou onde for. Por exemplo, Alexa e Google Assistent já terão nosso conteúdo embarcado”, afirma.
Os investimentos, que chegam na casa de R$ 30 milhões, estão sendo feitos especialmente em três pontos: digitalizar todos os estúdios, criar pontos de contato de comunicação com conteúdo regionalizado, além de ampliar, aprofundar e diversificar o conteúdo.
Araujo destaca as audiências de programas como Os Pingos nos Is, Jornal da Manhã e Morning Show. “Esses programas não dão audiência só no rádio, mas em outras plataformas. O levantamento Reputation Index, feito pela empresa de consultoria de marketing Dom Strategy Partners, entre agosto e novembro de 2018, mostrou que a Jovem Pan foi considerada a rádio de maior reputação do Brasil e o terceiro lugar em reputação em todos os veículos, atrás de Globo e do SBT”, afirma.
O curioso caso
Para dar uma dimensão do que tem acontecido com a marca, o executivo lembra a narrativa de O Curioso Caso de Benjamin Button, em que o personagem principal fica cada vez mais jovem em aparência e espírito, à medida que envelhece em idade.
Para ele, isso representa de certa forma a transformação que a Jovem Pan tem passado, especialmente nos últimos cinco anos. “É uma nova empresa, uma nova Jovem Pan. Nosso esforço hoje é no sentido de que, a audiência, a gente já tem, e ela não é ‘só’ rádio, ‘também’ é rádio. Fizemos um estudo e vimos que o número de impactos no digital pode ser cinco vezes maior. O rádio vai muito bem, obrigado. Mas nossa atenção é para o conteúdo em várias plataformas. Queremos transformar a rádio em um grande publisher digital.”
A marca como case
Nesse sentido, a empresa tem visto resultados expressivos em números e também em reverberação internacional. O sucesso do conteúdo no YouTube, por exemplo, fez o Google convidar a empresa para apresentar o case fora do país. “Crescemos muito em news no YouTube. A primeira vez foi em julho de 2018, pelo Google News Initiative, falamos para 50 jornalistas americanos. Eram três exemplos, a Pan, a Vox Media e a India Today. E a segunda participamos de um painel sobre inovação. Vimos como tudo caminha para som e imagem. No streaming, hoje a gente faz mais de 16 horas ao vivo. No último mês tivemos 200 milhões de views só de streaming, e 44,3 milhões de pessoas diferentes”, comenta.
Para Araujo, muito dos resultados que a rádio tem alcançado refletem a “mexida” na linha editorial e a abertura para opinião. “A notícia virou commodity. Quando você contextualiza dá engajamento. Conteúdos opinativos dos comentaristas tem 60% mais audiência e 90% mais compartilhamento. É através da opinião que você vai contextualizando e gerando diálogo”, explica.
A questão de gerar diálogos, inclusive, está no centro do posicionamento da empresa. Um vídeo de junho deste ano traz um manifesto e termina com a assinatura Grupo Jovem Pan – O diálogo em primeiro lugar.
Complementaridade
Como produtores de conteúdo, a empresa afirma que serviços como Spotify não são um concorrente, pelo contrário. “Rádio e as plataformas são complementares, inclusive nosso conteúdo é distribuído no Spotify. Uma coisa não vai matar a outra, desde que não se viva num modelo de décadas atrás. As plataformas vieram para ficar. Se hoje são cinco, amanhã forem três ou oito, temos de evoluir e nos adaptar.”
Com público em todas as faixas etárias, especialmente de 25 a 45, a Pan tem um alcance bem distribuído e quer “atingir cada vez”. Além de manter os investimentos em news, a empresa está se dedicando mais também ao entretenimento. “O rádio só cresce e mostra para o mercado anunciante todo o seu potencial. Nosso princípio é sempre criar conversas.”