É crescente o número de plataformas que surgem no mercado publicitário visando tornar a mídia digital cada vez mais assertiva. Os objetivos, em geral, são os mesmos: gerar mais lead, conversão em sites, cliques ou entregar uma propaganda para um público cada vez mais segmentado. Dentro desse contexto, há espaço para muitas empresas, mas são os jovens empreendedores que têm se destacado bastante nesse novo mercado.
Isaac Ezra, da ShopBack, é um caso típico. Ele já teve participação acionária na Mídia Digital (que depois virou Casa e foi vendida para a J. Walter Thompson), criou um site de descontos, o Clube do Desconto, que chegou a ficar entre os quatro maiores do Brasil, e agora desenvolveu um sistema de recomendação de produtos e retenção de usuários nos sites. De acordo com estatísticas de mercado, 98% das pessoas que entram em um site não realizam nenhuma compra. “De cada 100 pessoas que entram num site, duas vão comprar e 98 vão embora. Montamos uma ferramenta para trabalhar esses 98 que estão indo embora. O objetivo da ShopBack é entender, por meio de inteligência, cookies e dados, quem são esses consumidores e conversar com eles antes de abandonarem a página”, explica Ezra.
Segundo ele, a plataforma identifica o padrão de usuário e busca interagir ao máximo por meio de alertas, que “literalmente” conversam com as pessoas. “Quando percebemos que o usuário vai abandonar o site, emitimos os alertas. Se a pessoa está pesquisando hotéis, por exemplo, podemos enviar informações como ‘40 pessoas estão vendo esse produto’ ou ‘só há um quarto disponível’. A gente faz isso para Hoteis.com, Viajanet e SubmarinoViagens. A ideia é converter, criar empatia e gerar interação”.
Também há mensagens do tipo ‘não vá embora’, ‘o que podemos fazer por você?’. “Mesmo assim, se o usuário abandonar o site, temos parte do e-mail retargeting. Independentemente se o usuário forneceu ou não o e-mail, a gente consegue enviar e-mail para ele. Desse modo, fechamos o ciclo com alerta, mensagem de abandono e e-mail retargeting”.
Para Ezra, a propaganda não é invasiva, pois traz mensagens que vão ajudar o usuário a resolver um problema que ele tenha eventualmente. “Fazemos tudo muito personalizado. Trabalhos dentro do que o usuário quer”. Uma novidade é que a ShopBack também faz retargeting no botão de notificações do Facebook. “É uma interação muito alta”.
Outro avanço do sistema é conseguir identificar se o usuário está navegando via mobile ou desktop, fazendo o cross device. “Conseguimos identificar se o computador e o celular são da mesma pessoa. Assim, consigo fazer a recomendação de produtos exatamente igual nos dois dispositivos”, explica.
Segundo Ezra, a ShopBack não cobra fee e ganha comissão sobre as vendas dos clientes. “É uma solução única no mercado e é tão confiante que não cobramos nada pelo uso. Ganhamos sobre as vendas”. De acordo com ele, as empresas não têm site hoje em dia apenas por manter uma página institucional. De alguma forma, as marcas querem capturar lead ou gerar algum tipo de interação. Outro case da ShopBack foi com o Jeep Renegade. Na ocasião do lançamento do carro, a empresa trabalhou para levar o usuário ao site e gerar leads ou propostas de compra. A ShopBack também trabalha com a Ambev.
“Cansei de ver página que não tinha clique para nada. Quando o usuário entra num site, ele quer ver alguma coisa a mais. Já vi página que parecia panfleto online. Um site precisa ter usabilidade, para o usuário preencher um formulário ou converter alguma coisa. Quando as marcas fazem uma campanha, elas querem gerar venda”, conclui Ezra.
Denakop
“Temos uma tecnologia analítica que serve para escolher o melhor anúncio, no melhor horário e com o melhor perfil demográfico”. É assim que o jovem Luís Felipe Duarte Machado, de apenas 21 anos, explica como funciona a plataforma que ele começou a criar aos 16. Batizada de Denakop, a plataforma de mídia digital em full screen se conecta às páginas e veicula propaganda em tela cheia. Segundo ele, a ideia é usar os dados demográficos muito mais para ter uma base do que está ocorrendo do que para segmentar o público.
Totalmente reformulada, a plataforma é baseada em análise preditiva, que consiste em aplicar conceitos matemáticos para reconhecer o padrão de comportamento dos usuários. O objetivo é não ter dispersão, uma vez que a inteligência consiste em saber onde a entrega está melhorando. “A gente entrega algo que você quer ver, de acordo com o seu perfil de interesse, com seu comportamento de navegação. Fizemos uma campanha para a Sadia, por exemplo, com um CTR maior do que 6%, enquanto muitas plataformas ficam em 1%”, exemplifica Mauro Bignardi, CEO e fundador da Adsolut, que se uniu à Denakop por meio de uma joint-venture.
“A propaganda não é entregue para uma pessoa com um perfil que não é mapeado. É um filtro alto de qualidade. Em uma campanha para o governo federal sobre HPV, 99,52% dos acessos foram recusados, sendo que apenas 0,48% serviram para a entrega. Os resultados foram bastante favoráveis”, diz Machado.
Bignardi explica que a campanha tinha uma segmentação regional e bem pequena, sendo que a pessoa precisava assistir ao vídeo inteiro, de 30 segundos, por isso tinha de pegar o público certo. “Era uma campanha focada em Belém, Belo Horizonte e Salvador. Era uma campanha de HPV para meninas entre 9 e 14 anos e mães de 25 e 34 anos. 20% das pessoas assistiram ao vídeo até o final. É um volume alto, para uma campanha de conscientização”.
Aplicativos são boa opção para segmentar públicos específicos
A segmentação do público em aplicativos é outra possibilidade de mídia para os anunciantes. O Sontra Cargo, por exemplo, app que conecta transportadoras e caminhoneiros autônomos, é uma opção para as marcas que estão interessadas em atingir os caminhoneiros brasileiros, que, aliás, estão cada vez mais conectados à internet. Segundo pesquisa da própria plataforma, mais de 72% dos caminhoneiros usam frequentemente o smartphone para acesso à internet e 10% têm tablet e notebook dentro do caminhão.
“Quisemos criar uma solução entre as transportadoras e os caminhoneiros autônomos. A frota brasileira tem cerca de 2,2 milhões de caminhões, sendo que metade disso é formada por caminhoneiros autônomos. Temos mais de 20 mil transportadoras publicando cargas na nossa ferramenta. Por outro lado, temos 150 mil caminhoneiros cadastrados”, conta Bruno Moreira, diretor de marketing do Sontra Cargo.
Apesar de afirmar que a publicidade não é a principal finalidade da plataforma, Moreira revela que há várias opções para as marcas anunciarem ali. Uma delas é a exposição dos tradicionais banners na relação das cargas, além de ações geolocalizadas.
“Temos uma ferramenta chamada ‘próximo a mim’, que lista para o caminhoneiro uma série de categorias como posto, loja de conveniência e oficina mecânica. Ao clicar na categoria, abre-se uma lista de serviços próximos que ele pode ir até o local. A gente consegue fazer ações geolocalizadas no sentido de quando o caminhoneiro está passando por uma dessas lojas, ele é convidado a conhecer”, detalha Moreira.
Segundo o executivo, a expectativa do app é chegar até o fim do ano com 250 mil caminhoneiros cadastrados. Uma das ações do Sontra Cargo para atrair os caminhoneiros para a sua base é a realização de vídeos com Youtubers. “A gente identificou que eles, também caminhoneiros, tinham uma relação com esse público muito forte, se tornando formadores de opinião mesmo. Quando eles lançam um vídeo falando do aplicativo, há um aumento considerável de cadastros no dia. Os vídeos são muito compartilhados”.