Quando se fala na participação das mulheres no mercado de trabalho, alguns tabus ainda são verdadeiros e outros nem tanto. Se por um lado o salário médio de uma mulher brasileira com educação superior ainda representa apenas 62% da remuneração de um homem com a mesma escolaridade, segundo dados da Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE), por outro cresce o número de depoimentos femininos que garantem não encontrar portas fechadas em grandes corporações somente pelo fato de ser mulher. Além disso, muitas delas constroem a carreira com possibilidades reais de disputar cargos de liderança.
Para evitar exemplos isolados de mulheres que ocupam cargos de CEO ou vice-presidência, o PROPMARK buscou mulheres líderes e com voz ativa no dia a dia operacional de grandes anunciantes e veículos de comunicação. Ao analisar o perfil e as ambições das personagens entrevistadas, notam-se características similares na personalidade de uma geração já favorecida pela evolução do tema na sociedade. Um traço observado nessas mulheres que despontam como executivas, com potencial para chegar a cargos de diretoras ou até mais acima, é a vontade de ser relevante, não somente a busca por melhores salários ou autoridade para fazer os homens obedecerem.
“Tenho grande satisfação em ver as estratégias que desenhamos acontecendo, o posicionamento de uma marca sendo construído, com retorno comprovado por pesquisas do mercado, nosso target reagindo positivamente ao trabalho, enfim, o resultado aparecendo”, conta Daniela Martins, coordenadora de marketing do SBT, de 33 anos.
O ponto de vista é compartilhado pela gerente de projetos especiais do jornal O Estado de S.Paulo, Gabriela Gaspari, de 28 anos. “Não acredito que a medida do sucesso de um profissional esteja relacionada ao fato de ser homem ou mulher, mas sim à capacidade de fazer as coisas acontecerem, de perseverar e de lutar pelo que se quer. Os sonhos e a capacidade de realizá-los depende de cada um de nós, independentemente do gênero”, afirma. “Tenho um desejo latente de ser muito relevante e fazer algo bem importante”, acrescenta a executiva, que foi descoberta no programa O Aprendiz, na edição apresentada pelo empresário João Dória Jr.
A mesma vontade de fazer a diferença é vista na nova geração de profissionais de grandes anunciantes, como é o caso de Carol Riotto, 31 anos, gerente da marca Baby Dove, da Unilever. “No futuro, eu me vejo num cargo de liderança de grandes marcas que tenham um papel importante na vida das pessoas. Gosto de trabalhar em marcas que tocam, que agregam valor, e não fazer só o marketing pelo marketing”, declara. “Sendo mulher, espero inspirar outras mulheres para que não tenham receio de prosperar e buscar posições de alta liderança em grandes companhias”, acescenta a executiva da Unilever, ressaltando que o planejamento dentro das empresas é importante para que principalmente as mulheres consigam conciliar sua vida profissional com a pessoal.
Segundo Fernanda Leal, 36 anos, gerente de recursos humanos da Bacardi, ainda há situações em que uma mulher é preterida em contratações ou promoções, como quando elas mostram disposição para ter um filho, por exemplo. No entanto, houve uma evolução significativa para que a mulher seja bem-sucedida profissionalmente. “Ao longo dos 15 anos em que já estou no mercado, observei um aumento grande na disposição das empresas em promover a inclusão das mulheres nos principais cargos de liderança. Observei os quadros de diretores se tornando mais mistos e esse movimento continua em andamento”, afirma a executiva.