Os publicitários Júlio Ribeiro e Roberto Lautert defendem que anunciantes deveriam valorizar mais a força interna. “Nós temos convencido os clientes que o maior patrimônio que eles têm é a forma dos funcionários se referirem à empresa”, diz Ribeiro. O publicitário lançou recentemente a agência JRP (iniciais de Júlio Ribeiro Planejamento) com o também publicitário Roberto Lautert, o Alemão. Os dois já trabalharam juntos na Talent – Ribeiro foi um dos fundadores da agência e Lautert era diretor de criação.
“A gente pensou que poderia criar no Brasil um modelo de agência que faz muito sucesso nos Estados Unidos e na Europa. No Brasil, de 100% da verba, os empresários gastam 80% para fazer propaganda e produtos e com 20% eles cuidam de coisas que dizem respeito a seus funcionários. As agências que possuem um ambiente de trabalho no qual as pessoas se realizam custam menos e dão muito mais resultado do que aquelas que entregam só uma comissão sobre aquilo que o cliente anuncia para as pessoas”, explica Ribeiro.
A primeira campanha assinada pela agência foi para o Clube Paladar. “A pesquisa mostrou que o maior obstáculo para as pessoas beberem vinho é o desconhecimento. Só que nenhuma loja de vinho se preocupou com isso. A gente foi trabalhar para diminuir esse obstáculo. Por isso, planejamento é fundamental para saber com quem está falando”, afirma Lautert. Para este ano, a expectativa é transformar alguns atuais prospects em clientes.
A intenção da nova agência é dar bastante importância ao planejamento para que, quando chegar à criação, a campanha tenha relevância. “A gente não quer ser uma empresa de serviço de marketing. Nós queremos pôr a nossa capacidade para transformação do cliente”, conta Lautert. “A gente pretende desenvolver os negócios, mas principalmente as relações dos funcionários com as empresas. Algo latente em todo funcionário é pertencer, mas para ele pertencer você tem de dar alguma contrapartida”, explica Ribeiro.
A parceria entre os dois publicitários existe há cerca de dois anos, mas agora a empresa está se reposicionando. “A gente viu que estava sendo percebido mais como uma consultoria do que como uma agência, mas de fato o trabalho que a gente estava fazendo para os clientes era de comunicação. Os próprios clientes estavam mais interessados que fizéssemos comunicação para eles – claro, com esse olhar para o público interno”, conta Lautert. “A gente resolveu ter uma agência que, além de fazer projetos para os clientes, também cuidasse das pessoas e entendesse o problema da empresa”, completa Ribeiro.
Os publicitários citaram uma pesquisa norte-americana que indica que 60% dos funcionários são indiferentes às empresas e só 20% são engajados. “Fora os que são ativamente desengajados e, hoje, com as redes sociais, ficam multiplicando esse desengajamento, é muito mais contagioso do que os que são indiferentes”, afirma Lautert. Para Ribeiro, essa atitude é uma resposta das pessoas ao posicionamento dos empregadores e, aqui no Brasil, a situação é ainda pior. “O resultado das empresas no Brasil é muito inferior que nos outros lugares do mundo”, fala.