Um estudo trimestral realizado pela consultoria Kantar Worldpanel, o Consumer Insights, apontou uma redução do consumo de bens não duráveis entre os brasileiros, principalmente nas classes D e E. De acordo com Christine Pereira, diretora comercial da empresa, a pesquisa constatou que houve uma desaceleração do consumo, principalmente no que se refere a alimentos, bebidas e produtos de limpeza, com uma queda significativa no volume e um crescimento nos gastos devido ao aumento dos preços.

Segundo o estudo, a inflação no período foi de 1,94%, sendo que a alimentação foi a grande vilã, com um aumento de 4,64% nos preços. Ela explicou que, desde 2011, essa desaceleração não acontecia e as classes mais baixas eram as que mais vinham impulsionando as vendas de bens não duráveis. A executiva lembrou “que uma geladeira cheia, com a possibilidade de compra de novos itens sempre foi aspiracional para essa parcela da população, mas, com o aumento dos preços, tiveram que botar o pé do freio”. “Produtos que agregam valor ao café da manhã, por exemplo, como leite pasteurizado e cereal são os primeiros a serem cortados”, diz. Além deles, os pratos prontos congelados, sobremesas em pó e cremes e loções também sofrem queda nas vendas.

Outra consequência, de acordo com Christine, é a ida com menos frequência aos pontos de venda. O estudo apontou, no entanto, que a praticidade continua sendo levada em conta, tanto que detergente líquido, lanches prontos, molhos e sopas não saíram do carrinho das classes mais baixas. Segundo o levantamento, no total, a cesta de alimentos registrou queda de 9% em quantidade de bens adquiridos. O segmento foi o responsável pela queda de toda a cesta de bens de consumo. Ao todo, são monitoradas 40 categorias, das quais 14 apresentaram queda no número de produtos comprados.

Christine ressaltou que, quando avaliamos o ano inteiro, verificamos que os produtos do carrinho da classe C e das D e E são muito parecidos, mas quando essa avaliação é feita mês a mês, a diferença ainda é muito grande e ainda há muito a ser mudado. O estudo mostrou também uma permanência da tendência de desaceleração do consumo para os próximos meses. De acordo com ela, as medidas adotadas pelo governo para conter os efeitos nocivos da inflação não surtiram os efeitos esperados nos dois primeiros meses de 2013. Para o segundo semestre, alguns gastos ainda devem impactar o bolso do consumidor, segundo a pesquisa. São eles: aluguel, saúde e gás encanado.