Filme fotográfico? Estúdio de revelação? Fotolito? Câmera analógica? Arsenal jurássico na era digital. Kodak, símbolo dessa indústria, se reinventou ao mergulhar na tecnologia cibernética. No passado, custos altos obrigavam o fotógrafo a pensar mais antes do clique. O escopo digital permite a multiplicação. Compartilhamento de fotos nas mídias sociais e impressão são tendência no segmento. Confira entrevista com Emerson Stein, diretor geral da Kodak.

Como está o mercado de fotografia hoje e como a Kodak se insere nele?
Ele cresce em grande velocidade devido às possibilidades geradas pelo universo digital. As câmeras fotográficas digitais tornaram-se uma autêntica febre.

A marca Easy Share é a que a empresa utiliza para identificar suas câmeras?
Sim. É um produto cuja principal característica é o fácil compartilhamento. Nosso foco é o consumidor, especialmente o que integra as classes C/D. Nesse caso, o potencial de mercado no Brasil é enorme. Tanto que temos uma planta industrial em Manaus, a única da marca fora da China. Os brasileiros adoram fotografar seus momentos e isso estimula a produção de câmeras digitais no País. A linha Easy Share é acessível pelo preço final, ajuste automático de velocidade e também por ter bateria ao invés de pilhas. Esse recurso energético barateia a operação. Essas características a posicionam como a que possui a melhor tecnologia para a chamada captura inteligente.

Como é a segmentação?
As letras C e M concentram as máquinas mais populares, sempre sob o guarda-chuva Easy Share. Depois vem a Z, linha amadora mais avançada. Por último, temos as máquinas semiprofissionais com mais recursos técnicos, inclusive manuais. Essa linha só não permite troca de lente.

A Kodak ainda produz máquinas convencionais?
Nosso negócio é 100% digital. Temos algumas câmeras analógicas de uso único como as linhas Aquática e descartável com flash. Mas é apenas uma conveniência para o cliente. Há cinco anos a tecnologia era baseada no analógico. Nesse curto período, a Kodak e o mercado em geral iniciaram transformação do modelo de negócios. A Kodak atualmente é uma companhia digital tanto em fotografia como em gráfica.

Como é a atuação no ambiente gráfico?
É dividida em várias áreas, entre as quais pré-impressão com CTP (Computer to Plate), que pega o antigo fotolito e transforma em linguagem digital para gravar a chapa antes da impressão. Outro é o Work Flow, processo gráfico de captura da imagem e de direcionamento para impressão. A Kodak tem trabalho muito forte de desenvolvimento de softwares gráficos. Em resumo, essa parte gráfica é o grande negócio da Kodak. Já representa metade do business.

O mercado de fotografia digital ganhou impulso extra com a transformação dessa função em feature dos telefones celulares?
Obviamente que sim. A Kodak proporciona tecnologias e tem patentes para sustentar sua presença no mercado. Para nós, o negócio da fotografia é o compartilhamento de trabalhos, advento que estimula o consumidor de fotografia a capturar mais imagens. Temos parcerias tecnológicas com a Motorola, Nokia e Samsung, por exemplo.

A impressão de fotos ainda é relevante?
É uma grande oportunidade de negócios. No nosso caso, temos uma estratégia mercadológica que contempla esse formato materializado nos quiosques que temos para esse fim. O digital não inviabilizou a impressão de fotos. Antes o jovem tinha vergonha de fotografar porque, como já disse antes, tinha que ser seletivo antes do clique devido aos custos. Hoje, fotografa o que quer e depois seleciona o que vai imprimir. Hoje é moda ter câmera digital. Nossos equipamentos são amigáveis com possibilidade de up load para YouTube para compartilhar filme e foto.
Explique um pouco mais a estratégia de quiosques?
São 900 PDVs com marca Kodak Express, principalmente em shop-ping centers. Supermercados também são contemplados na logística. O Walmart é um dos principais parceiros. No Brasil, a impressão ainda é essencial. As pessoas querem exibir suas fotos e nem sempre tem um computador à disposição. Essa conveniência inclui produtos como o Composit, um book de imagens. Também temos o DVD com áudio que reúne 60 imagens, por exemplo, das últimas férias, com trilha preferida. A fotografia tem desejabilidade natural.

E os álbuns digitais? O Brasil vai aderir a esse modelo?
Esses porta-retratos estão chegando. É uma forma de compartilhamento, mas a impressão ainda é forte no Brasil. Mais tarde, quando for possível encaminhar conteúdos para essas molduras via web, vai ficar mais popular.

Qual o investimento da Kodak?
Não abrimos essa informação. Porém, somos muito agressivos em ações de marketing, uma tradição na empresa. O Brasil representa 2% dos negócios da empresa em todo o mundo.

Com quais agências a Kodak trabalha no País?
A Átomo cuida da área de promoção e também de parte da propaganda. A Ogilvy & Mather é responsável pelas grandes campanhas de marca. A Portfólio coordena as ações de ponto-de-venda. A Lumina também nos ajuda em internet e atividades digitais. Recentemente a Átomo desenvolveu a campanha “Happy hour” para estimular o consumidor a revelar suas fotos digitais. O mote da campanha é emocional e essa é uma das plataformas de marketing da Kodak. Além de reviver momentos, é uma forma segura de guardar suas recordações, já que um pen-drive pode ser apagado e um DVD se perder. Na rede Kodak Express, o cliente pode levar seus conteúdos em várias mídias, inclusive bluetooth.

Quais os planos mercadológicos da Kodak?
Estamos trabalhando o compartilhamento fácil das câmeras nas mídias sociais, como o Flicker, Facebook, Orkut e Twitter, com apenas um clique. O que é essencial na fotografia hoje? A resposta é: facilidade de uso.

Qual é a posição da concorrência no mercado digital e a relação com a Kodak?
Uma em cada cinco câmeras digitais comercializadas no mercado é da Kodak.

por Paulo Macedo