Começa nesta segunda-feira (14) e prossegue até a quarta-feira (16), com cerca de 1050 inscritos, a quarta edição do Congresso Brasileiro de Publicidade. Há 30 anos, o III Congresso foi pautado pelo tema liberdade de expressão e o marco foi a criação do Conar (Conselho Nacional de Auto-Regulamentação Publicitária) (ver matéria na página 8). “Criando o futuro” é o tema desta versão e isso, na expressão de Dalton Pastore, presidente da Abap (Associação Brasileiras das Agências de Publicidade) e do Congresso, significa liberdade de expressão e transparência. “Temos que enfatizar esses dois pilares  como essência  da nossa atividade. Isso significa que mesmo quem não estiver inscrito vai poder emitir opiniões nas comissões através do nosso site (www.congressodepublicidade.com.br) e elas vão ser encaminhadas para a avaliação das comissões. Quem estiver participando de uma comissão pode sugerir conteúdos para outras através de ficha especial. Elas serão apreciadas e votadas na plenária final marcada para o dia 16”, enfatizou Pastore. “Vivemos um momento no qual várias instâncias sugerem restrições à publicidade sem discussões prévias, exercendo arbitrariedade contra uma indústria que emprega 639 mil pessoas e movimenta cerca de R$ 57 bilhões. Isso pode significar menos recursos para as agências e conseqüentemente para os veículos de comunicação. São mais de 300 processos em andamento no Congresso Nacional relacionados à comunicação comercial. Isso exige esforços dasentidades do setor. Nosso segmento tem o Conar e estimula a auto-regulamentação”, ele acrescentou.“Não podemos esmorecer nunca. Temos que zelar por todos os tipos de liberdade, não só a comercial como a de conteúdo. Volta e meia aparece alguém querendo tolher o exercício da liberdade e isso não podemos deixar acontecer”, frisou Nelson Sirotsky, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais), uma das entidades que referendam o IV Congresso.

Luca Cavalcanti, diretor de marketing do Bradesco, vê como “grande oportunidade” o IV Congresso. “Os anunciantes devem estar atentos porque se por um lado eles viabilizam economicamente as agências de publicidade, por outro eles dependem das idéias criativas desses fornecedores. Essa combinação é que resulta em um mercado forte. Essa é uma oportunidade para se compreender as demandas das agências brasileiras que estão entre as melhores do mundo. Viajo muito e sempre agendo visitas a algumas agências e vejo que não devemos nada a ninguém. O anunciante deve estar preparado para um diálogo mais profundo com as agências para poder pedir e receber um serviço melhor. Quanto maior for o conhecimento dos anunciantes, melhores serviços terão das suas agências”, enfatizou Luca Cavalcanti.

Sérgio Amado, presidente do Grupo Ogilvy no Brasil e um dos principais articuladores do Congresso, destacou que a liberdade deve ser discutida sob o viés econômico. Na reunião de notáveis (ver texto nesta página), que ele presidiu na semana passada, a questão dominou a pauta. “A publicidade não é vilã como muitos querem afirmar, mas um meio de informação ao consumidor. Se o produto é lícito, por que não divulgá-lo com os instrumentos de comunicação disponíveis? O mercado sabe os limites que a atividade deve ter e tem órgãos que fiscalizam de forma independente como o Conar”, afirmou o executivo.

O publicitário Luiz Lara, presidente da Lew’LaraTBWA, vai propor na comissão “A Valorização, a Prosperidade e a Rentabilidade da Indústria da Comunicação”, da qual é presidente, a criação de um código de ética comum a todas as entidades e empresas componentes da indústria da comunicação, “que será elaborado a partir dos Códigos de Ética já existentes em cada segmento, estabelecendo princípios de conduta unificados e capazes de bem zelar pela imagem da comunicação”.“Ao colocar em pauta assuntos como liberdade de expressão comercial, legislação, planejamento na compra de mídia, mercados regionais e responsabilidade social o IV Congresso certamente trará contribuições fundamentais para o fortalecimento da atividade publicitária no Brasil. É importante lembrar que nas edições anteriores do Congresso foram estruturadas muitas das bases que sustentam hoje o mercado publicitário brasileiro, um dos mais sofisticados do mundo.

Em sua primeira edição, em 1957, as conclusões do Congresso fundamentaram a Lei nº 4.680. Nos encontros que se seguiram, em 1969 e 1978, muito se discutiu sobre as relações entre agências e anunciantes e se determinou um salto na propaganda brasileira com a auto-regulamentação (Conar) e o código de ética”, destacou Willy Haas, diretor geral de comercialização da Rede Globo de Televisão. 

Paulo Macedo