Quiroga, ex-presidente da Bolívia, ao lado de Doria, presidente do Lide, defendeu a união entre os países sulamericanos em torno da sustentabilidadeO Lide (Grupo de Líderes Empresariais) e o Lide Sustentabilidade, comandados pelos empresários João Doria Jr. e Roberto Klabin – que abriu o encontro convocando à população a “lutarem por um mundo mais sustentável” -, reuniram cerca de 300 empresários, autoridades e executivos nos dias 25 e 26 de junho em Foz do Iguaçu, no Paraná. A cidade, mais conhecida por abrigar, segundo a Unesco, um dos patrimônios mundiais da humanidade, as Cataratas do Iguaçu, acolheu pela terceira vez consecutiva o Fórum Mundial de Meio Ambiente, em sua sexta edição, que teve Manaus, a capital do Amazonas, como sede dos três fóruns iniciais.

“O objetivo do fórum é promover ideias entre especialistas do setor e governos e, principalmente, a população, que é quem mais vai sofrer com os problemas climáticos se não se unir em torno do problema, com vista a entender e colocar em prática ações que possam tornar as nossas cidades mais preparadas a enfrentar as mudanças climáticas”, disse Klabin. “O tema sustentabilidade norteia as ações de toda a sociedade. E está sempre presente no evento, que já está consolidado entre aqueles que lutam pelo meio ambiente”, completou Doria.

O encontro reuniu autoridades nacionais e internacionais. Entre eles o governador do Paraná, Beto Richa – que enfrenta atualmente um pedido de abertura de processo em função de um suposto desvio de recursos em Londrina, não comprovado oficialmente. E o prefeito de Foz, Reni Pereira. Richa, aliás, abordou o “desmatamento ilegal zero” no Paraná. “É um compromisso do governo, até pela responsabilidade que temos com as futuras gerações”, afirmou.

Para 66% dos executivos das maiores empresas brasileiras, entrevistados para a Pesquisa Mudanças Climáticas – Grandes Empresas, a pedido do Observatório do Clima, as mudanças climáticas causarão impacto muito negativo na economia e nos negócios. Segundo Doria, existe um longo caminho para alcançar a preservação socioambiental aceitável no Brasil. E mostrou otimismo, já que, segundo o SOS Mata Atlântica o Inpe, em pesquisa divulgado neste ano, o desmatamento em área da mata foi reduzido em 24% nos dois últimos anos. “Os números sinalizam que estamos na direção certa”, ressaltou o empresário.

CIDADES

Além de Richa, outra grande atração do Fórum foi ex-presidente da Bolívia nos anos de 2001 e 2002, Jorge Quiroga, hoje o maior oposicionista ao governo de seu país. O político, derrotado nos últimos três pleitos locais pelo atual comandante boliviano, Evo Morales, foi o autor da palestra “As cidades e as mudanças climáticas”, visto por uma plateia de mais de 300 pessoas.

“A Bolívia não tem mar, mas sofremos, por exemplo, com os problemas nas geleiras, de derretimento, que trazem danos aos continentes e danos à agricultura mundial”, ressaltou, falando ainda sobre biocombustível, recurso que a América do Sul tem condições de “oferecer ao mundo em grande escala mas cujos governos não tem se preocupado em renová-lo”. “Outro problema é que exportamos biocombustível, mas ainda usamos, em demasia, petróleo e carbono” – mais caros e usados de forma prejudicial ao meio ambiente. “Cerca de 90% do lítio do planeta está aqui no Cone Sul. Fica a pergunta: por que não usamos?”. O lítio, hoje, é umas das fontes mais baratas e sustentáveis de energia do mundo. O mineral é encontrado em profusão regiões continentais salares, que foi, há milhares de anos, o que justifica sua forte presença na América e também na África.

Ao final, Quiroga fez um pedido ao Brasil. “Cabe ao país liderar o movimento pela sustentabilidade na América. É o maior e principal país, é quem está na vanguarda econômica. Até porque temos problemas sérios. Não somos Barcelona, cidade que venceu problemas na área e hoje é modelo de sustentabilidade. A ainda tem três dos grandes recursos da América – Messi, Neymar e Suárez”, brincou, se referindo aos Américacraques da Argentina, Brasil e Uruguai.

O 6º Fórum Mundial de Meio Ambiente contou com patrocínio da Renault, Copel (Companhia Paraense de Energia) e Sanepar, companhia de saneamento do estado, e apoios de mais 30 empresas e corporações pública.

PRÊMIO

O encontro também abrigou a entrega do Prêmio Lide de Meio Ambiente 2015, que este ano homenageou o navegador e empresário Amyr Klink; a artista plástica Bia Doria; e o arquiteto Hugo França. Os três, por diferentes motivos ligados à defesa do meio ambiente e à sustentabilidade. O prêmio também destacou 10 corporações e pessoas divididas em categorias distintas (veja tabela nesta página).