Autor creditou criação a Olivetto, mas foi Gama que assinou a peçaUm anúncio publicado no Estadão da semana passada – sem assinatura – chamava a atenção para um erro de atribuição de autoria no livro “A propaganda brasileira depois de Washington Olivetto”, do redator João Renha, obra lançada em 2013 pelas editoras Leya e PUC-Rio. Trata-se da peça criada pela DM9 para Itaú Seguros, em 1991, com o título “Nem o Papa deixa tudo nas mãos de Deus”, mencionada no livro cinco vezes como sendo de autoria de Olivetto, quando na realidade – esclarece o anúncio do Estadão – foi criada por Alexandre Gama, hoje CEO da Neogama/BBH e CCO global da BBH.

Também assinam o anúncio, Roberto Cipolla, como diretor de arte, e Nizan Guanaes, como diretor de criação. A peça, premiada com ouro, na época, no Anuário do CCSP, foi criada quando o Papa João Paulo II esteve no Brasil e utilizou o famoso veículo blindado papamóvel, que era segurado pela empresa do Itaú, para percorrer as ruas do país. Renha, o autor, reconhece o erro, e se justifica: “Este anúncio aparece em vários outros sites como sendo do Washington. O equívoco poderia ter sido sanado por meio de erratas no próprio livro e correções nas edições futuras, registrando-se que o autor daquele anuncio é o Alexandre Gama”.

Renha diz que recebeu uma notificação extra-judicial enviada pelo advogado de Gama, Paulo Sergio Ferraz de Camargo, do escritório de direito empresarial Ferraz de Camargo Advogados, também enviada para as editoras Leya e PUC-Rio, com cópia para Washington Olivetto. Segundo Camargo, foi feito um acordo diante do erro. As editoras concordaram com a publicação de uma errata via anúncio – que foi o caso do Estadão – e o recolhimento dos livros dos pontos de venda.

Também foi feita uma retratação e definida uma indenização a partir da venda de dois mil exemplares (foram impressos 10 mil). Segundo Camargo, Gama vai doar o valor para o Graacc. “A ingenuidade do autor não o beneficia. Não é verdade que o anúncio aparece com autoria errada em vários lugares. Ele escreveu um livro com um erro que tem que ser reparado. Acredito que tudo tenha sido resolvido de maneira adequada, leal e transparente. E serve de exemplo para o mercado”, disse o advogado. Procurada, a assessoria da WMcCann, agência comandada por Olivetto, informou que o publicitário apenas lamenta esses desdobramentos em torno de um erro obviamente não intencional por parte do autor.