A maior preocupação do mercado brasileiro de publicidade neste momento é com os lobbies de organizações não governamentais que propõem restrições à criação de conteúdo comercial para serem veiculados nos canais de mídia. A expressão é do executivio Dalton Pastore, presidente da Abap (Associação Brasileira das Agências de Publicidade), que deixa o comando da entidade no próximo dia 27 de maio, durante a festa dos 60 anos de fundação. Pastore também anunciou na tarde desta sexta-feira (27) o nome de Luiz Lara, sócio e presidente da Lew’Lara/TBWA, como seu sucessor.
A eleição será entre os dias 27 e 29 de abril, quando também acontecem as eleições do capítulos regionais. Lara será eleito por aclamação para um período de dois anos e terá como vice-presidentes Armando Strozemberg (Contemporânea EuroRSCG), Bob Vieira da Costa (Nova S/B) e Antônio D’Alessandro (DCS). A diretoria será composta por Otto Barros Vidal (PPR- Profissionais de Propaganda Reunidos), Antonio Fadiga (Fischer América + Fala!), Severino Queiroz Filho (Ampla) e Hiram Souza (Exclam).
“Sabemos que a publicidade é para vender produtos e serviços e também do seu poder de persuasão, mas há uma patrulha que não tem cabimento, oriunda de organizações aparentemente inofensivas, mas que estão causando um mal enorme à atividade. As fontes de censura são múltiplas e precisamos ficar muito atentos a esses lobbies. Uma das coisas da qual mais me arrependo nesses seis anos à frente da Abap é de não ter reagido à proibição de publicidade de chuupetas e bicos de mamadeira porque eram produtos que praticamente não anunciavam. O que vemos hoje são ações contrárias à publicidade de produtos dirigidas ao público infantil”, disse Pastore – que vai presidir o conselho consultivo da Abap que terá como membros Roberto Justus (Y&R), Roberto Duailibi (DPZ), Alexandre Gama (Neogama/BBH), Cid Alvarez (NBS), Eduardo Fischer (Fischer América + Fala!), Sérgio Amado (Ogilvy), Nizan Guanaes (Africa) e Julio Ribeiro (Talent). “O conselho terá autonomia e agenda com quatro reuniões anuais. A primeira deste ano será em junho”, acrescentou Pastore, que também vai presidir o Fórum Permanente da Comunicação lançado no IV Congresso.
Outra preocupação de Pastore é com o julgamento do pedido de reexame do acórdão 2.063, cujo parecer do ministro Ubiratan Aguiar de abril de 2006 condena o modelo brasileiro de publicidade. O ministro escalado pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para analisar a solicitação conjunta da Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência da República) e da Abap foi Marcos Vinícius Vilaça que deve se aposentar até o final do mês de abril. Se o parecer for negativo e confirmar o anterior, haverá turbulência no mercado. “Não aceitar o Cenp (Conselho Nacional das Normas-Padrão) e não reconhecer o decreto 4.563, que valida a atividade, será um retrocesso. Porém, o que precisa ser dito é que o Cenp foi criado pela iniciativa privada para orientar as relações comerciais de agências de publicidade, veículos de comunicação e anunciantes. O governo aderiu dois anos depois porque quis”, argumentou Pastore.
Luiz Lara disse na reunião que anunciou sua candidatura que “aceita a missão” porque houve adesão maciça do mercado. Todos os capítulos da entidade e 54 agências referendaram o nome do presidente da Lew’Lara/TBWA. “Esse apoio era essencial porque não quero presidir a Abap movido por vaidade pessoal. Também aceitei a missão após confirmar que o Dalton vai estar à frente do Conselho Consultivo. A ideia é dar continuidade à excelente governança da administração atual, que deu à publicidade respeito e visibilidade. A realização do IV Congresso é um bom exemplo do empenho e quero manter esse ritmo”, ponderou o futuro presidente da Abap.
por Paulo Macedo