Com o tema “Feliz 2018”, o presidente da Lojas Renner, José Galló, acredita que a economia só deve voltar a crescer a partir do segundo semestre de 2017. “Não quero ser pessimista, mas sim realista. Apostar em recuperação antes disso é ilusão”, disse. O empresário foi o palestrante do “Tá na Mesa” promovido pela Federasul, na quarta-feira (09), em Porto Alegre.
“Tenho a certeza que 70% do que estamos vivendo deriva da instabilidade política que estamos assistindo”, constatou.
Na contra-mão do mercado, a Renner está colhendo bons resultados em 2015. Mesmo com uma projeção de retração do PIB brasileiro de 3%, a rede está expandindo o número de lojas. O lucro líquido da Renner se aproximou de 30% de crescimento, no segundo trimestre deste ano, conforme balanço divulgado. Segundo o empresário não é por acaso pois a empresa vem desde 2003 projetando o atual cenário e se preparando para enfrentar a crise com queda na confiança do consumidor e dos empresários. “Os números de consumo estavam além do normal com créditos e incentivos antecipados, já era previsto que ia terminar. As pessoas não trocam de carro e geladeira a cada dois anos”, disse Galló. Na sua opinião, o modelo de consumo já está esgotado. “O caminho é o investimento em infra-estrutura, estradas etc”, pontuou.
Para Galló, 2016 ainda será um ano difícil e com a produção brasileira em queda. Para 2017 é possível projetar um cenário de estabilidade, a partir do segundo semestre. E somente em 2018 a curva do crescimento econômico volta a se fortalecer. “Não venho aqui para vender ilusões”, frisou o presidente da Lojas Renner.
Galló avalia que os empresários estão calados diante da ausência de estratégias do atual governo. “Temos que assumir uma posição pró-ativa e fazer os políticos saírem da colina e olharem para o que está na planície”, comentou. Para o empresário, a atual crise é a mais diferente e de longa duração dos últimos tempos.
Por outro lado, Galló acredita que mesmo na crise existe oportunidade. Para trilhar um caminho próspero e resultados positivos é necessário apostar em diferenciais competitivos. A Lojas Renner investiu em tecnologia para racionalizar processos, reduzir burocracias e ficar mais rápida.
“Estamos focados em desenvolver produtos para o nosso público alvo”, revelou. A empresa apostou ainda em novos estilos e modelagens de roupas, além de uma apresentação moderna das lojas. “Temos que acompanhar as transformações do varejo”, frisou o presidente ao lembrar que o grupo conta com mais 18 mil colaboradores e cerca de 380 lojas pelo Brasil todo. “Não tivemos demissões este ano”, diz.
O presidente da Federasul, Ricardo Russowsky, disse a Galló que a Federasul está pronta para participar da mobilização e que compartilha e apoia a iniciativa. “Estamos afinados com o pensamento deste grande líder do varejo”, disse Russowsky.