Há um mês, na Folha, entrevista do presidente da Sky, Luiz Eduardo Baptista, sobre os planos de sua empresa para os próximos meses/anos. Sky, isso mesmo, lembra, conteúdo chegando pelo ar e passando pelos satélites, jamais por cabo. Pois é, daqui para frente nunca mais será dessa maneira e nem mesmo parecido.
Recordando agora o que o presidente da Sky, Luiz Eduardo, disse na entrevista quando perguntado sobre o R$ 1,3 bi que a empresa investiu para colocar no ar um novo satélite, decisão essa tomada em 2013:
“Se a gente não tivesse decidido em 2013, estaríamos em maus lençóis, hoje… para o futuro, honestamente, não sei se a gente vai ter outro satélite, porque muita coisa mudou, não tinha Google, Facebook, iPhone…”.
Em outro momento da entrevista, anuncia que, em 2018, a Sky, lembra, a dos satélites, lança um serviço pela internet: TV paga em streaming…
Mas se assim mesmo você continua achando que em cinco anos as mudanças são de pequeno porte, Nelson de Sá, da Folha, lembrou ao Luiz Eduardo Baptista o que a sua empresa disse há exatos três anos sobre a ameaça do Netflix: “Se começarem a nos incomodar, podemos comprar esses caras”…
Não só não compraram como estão tendo de rever todos os planos em função desse cara e de todos os demais, que invadiram a praia dos formatos tradicionais, com infinitas vantagens… É esse o Admirável Mundo Novo em que começamos a ingressar.
Onde tudo é válido, imutável e definitivo até eu terminar de escrever esta frase… Pronto, terminei! A partir de agora tudo pode mudar, evaporar, liquefazer-se… Coisas de momentos de ruptura. E ruptura como estamos vivendo jamais aconteceu antes na história da humanidade.
Corta para um mês atrás.
Advogados da ATT e da Time Warner preparam uma proposta para que o Cade aprove aqui no Brasil a união das duas empresas. Numa das propostas, a ideia é vender a Sky, operadora de TV por assinaturas controlada pela ATT. A outra seria bloquear as transmissões da Warner em nosso país.
Em todos os países onde existem eventuais e possíveis conflitos – 19 – o negócio foi submetido à aprovação e já aprovado em 16 deles. Resta agora a aprovação aqui no Brasil, no Chile e, finalmente, nos Estados Unidos.
Como a ATT controla a Sky, e agora tem também a Time Warner, em tese, estaríamos diante de um caso típico e flagrante de concorrência desleal. A ATT, leia-se Sky, saberia como a Warner negocia e cobra de todos os demais distribuidores de conteúdo, concorrentes da Sky. Esse é o imbróglio.
Enquanto isso, segue a vida, o mundo e caminha a humanidade em outra e diferente direção. As pessoas abandonando suas assinaturas dos provedores tradicionais de conteúdo: NET, Sky, Vivo, Claro e outros menos famosos, aderindo às possibilidades, facilidades e atrativos dos sistemas via streaming.
Ou seja, o pior, de novo, nos momentos de ruptura, é ter-se de perder tempo, dinheiro e energia brigando por causas devidamente atropeladas pela realidade.
Causas perdidas, onde seja qual for o resultado ou a decisão, de todos os lados só existirão perdedores. Uns mais outros pouco menos. Perdedores. Apenas isso.
Francisco Alberto Madia de Souza é consultor de marketing (famadia@madiamm.com.br)
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