Semanas atrás, executivos da Kantar Media Audiences reuniram-se no Rio, Copacabana Palace, para seu encontro anual. No Estadão, Caderno 2, matéria cobre o evento. O título “Executivos decretam vida longa a TV”.
Paro e penso. De que TV estão falando? Da velha e boa televisão da Tupi, Globo, Record, Band… ou da plataforma TV? Se é da segunda, concordo plenamente. Se é da primeira, sinto informar que sua tendência é aproximar-se, lenta e gradualmente, de zero! Eu disse zero! Vai brigar com infinitas alternativas na chamada cauda longa e com o trio Los Angeles pela atenção da 3ª idade…
Leio as declarações do CEO da Kantar, Richard Asquith: “A TV não vai morrer. Está só mudando. E as pessoas continuarão gostando de ver TV como um hábito social, familiar, em telas grandes”. É verdade. Acredito nisso. Mas não é verdade que as pessoas continuarão gostando de ver a TV a que se refere Richard.
Vão ver na plataforma TV o conteúdo que tiverem vontade de ver na plataforma TV e que não necessariamente é o que transmitem as emissoras de televisão. Hoje, já nas smart TVs, plataformas, muitos dos conteúdos mais acessados não se encontram nos canais convencionais de TV. E sim no YouTube, Vevo, e outras alternativas. Sem falar nas casas onde se usa a plataforma para jogar ou falar com outras pessoas via Skype.
O que tem de diferente? É que nas novas plataformas, muito especialmente nos smartphones, a novidade são os canais convencionais de televisão pedindo licencinha para pegar uma carona e brigar pela atenção. Quem diria, Globo, SBT e Record brigando com milhares de apps. Já nas plataformas TVs são canais nativos.
Assim, vejo com muito pessimismo o esforço e os investimentos descomunais que os institutos de pesquisa de audiência e emissoras de televisão fazem exatamente neste momento no Brasil para aferir a “temperatura” de um paciente prestes a ingressar na UTI. “Who Cares?”, além das próprias emissoras de televisão. Decidiram investir e brigar – Kantar Ibope Media e GfK – no mínimo dez anos depois de quando e ainda seus “termômetros” eram relevantes.
No exato momento em que a GfK, de forma extemporânea, repito, resolve desafiar o Ibope bancada por SBT, Band, Record e RedeTV (Globo não participa), e o Ibope Media procura se blindar investindo, também pesadamente, em aumentar sua base nos domicílios, quase 2 bilhões de internautas pelo mundo – nas raríssimas horas vagas telespectadores – com cookies dependurados por todos os lados, escancaram para Google, Facebook, e demais novos players, onde, quanto, quando, como e por que se comportam.
Leio, com respeito, mas perplexo, o final da matéria, onde os principais executivos da Kantar no Brasil “informam que, até o final de 2016, a cobertura da pesquisa de audiência entre indivíduos com TV saltará de 65% para 85% em todo o país, por meio de um novo aparelho, o rapid meter…” Isso é “rapid”? Isso é relevante? Who Cares?