Uma vez mais, agora com sotaque francês, a Casas Bahia tenta invadir o Rio Grande do Sul. Será que os gaúchos vão, finalmente, acreditar na empresa que se posiciona como “dedicação total a você”?
Definitivamente, o gaúcho é um brasileiro diferente e único. Outras regiões do Brasil também pontificam pelas peculiaridades das pessoas lá nascidas. Mas, em nenhuma delas, diferenças, hábitos, costumes e comportamento são tão únicos quanto os dos gaúchos. Que o diga a Casas Bahia, que decide agora, “falando francês” sob o controle do Casino, fazer uma nova tentativa.
O dia era 29 de dezembro de 2009. As últimas cinco lojas da Casas Bahia no Rio Grande do Sul eram fechadas. A empresa jogara a toalha. Especialistas em varejo ouvidos na época atribuíam o fracasso ao fato da “empresa não ter se adaptado ao exigente público gaúcho e nem dar sotaque regional à comunicação”.
Além de todas as resistências culturais – seus dirigentes entendiam que o “bairrismo” do consumidor gaúcho fazia com que preferissem comprar em redes locais – concentrou 100% das razões na impossibilidade de sobreviver diante da perseguição da Secretaria da Fazenda, conforme comunicado oficial publicado na ocasião:
“A decisão da empresa foi tomada pela lavratura pela Secretaria da Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul de 45 autos de infração no valor total de aproximadamente R$ 52 milhões… A rede lamenta ter que tomar tal medida uma vez exauridas todas as alternativas para se manter no Rio Grande do Sul…”.
1º de julho de 2015. Nos jornais, “Seis anos depois de fechar suas lojas no Rio Grande do Sul a Casas Bahia reinaugura sua operação no Estado com uma unidade em Cachoerinha, região metropolitana de Porto Alegre”. Será que desta vez vai dar certo?
Lembro-me que nas “exéquias” da Casas Bahia, em 2009, um blogueiro local comentava a rendição: “Há cinco anos a Casas Bahia, que é paulista, veio com toda a vontade de faturar R$ no RS… Agora, no final de 2009, sobravam ainda cinco lojas, a rapa do tacho, que foram finalmente também fechadas, Kaput! (…) Aí vem o blá-blá-blá, a choradeira esperta dos incompetentes que o governo que foi culpado por cobrar impostos (…) Além disso, o grupo Pão de Açúcar, de Abílio Diniz, aquele que fez o papel de sequestrado para eleger Collor e que há 3 semanas é o mais recente dono da Casas Bahia (…) Em Sapucaia, a Casas Bahia comprou e demoliu a Casa do seu Darcy da farmácia, tio do Borghetinho, e construiu ali uma imensidão de loja. Queriam derrubar uma paineira espetacular que sombreia parte do terreno e calçadas em frente à paróquia e à praça municipal. O pessoal que respeita a bela vida se mobilizou e não permitiu.”.
Ou seja, não vai ser fácil. Além de todos os cuidados do ponto de vista legal, espera-se que desta vez, respeitando os gaúchos como são e não querendo modificá-los, e ainda agora com o sotaque francês, que o Grupo Casino seja melhor sucedido nessa nova tentativa da Bahia invadir o Rio Grande do Sul…
Difícil, mas não impossível.