Marcela Viana, analista responsável pela indústria de higiene e beleza do Euromonitor, instituto de pesquisa, declarou à Forbes Brasil, a propósito de nosso país ter se convertido no mercado líder mundial na comercialização de perfumes: “A previsão é de que o Brasil continue no topo do ranking pelos próximos anos, até porque a fragrância é o item preferido na hora da compra e, se tiver que escolher, o brasileiro vai cortar um produto de skincare (para a pele do rosto) que, além de considerar caro, não apresenta efeito imediato”. Talvez aí, além do calor, da praia, do sol, a razão de o Brasil ter assumido a liderança mundial desse território. O do cheiro suave e permanente, que precisa de uma nova carga a cada três ou quatro horas – o brasileiro se borrifa ou asperge um perfuminho três vezes por dia…
E aí, como não poderia deixar de ser, no Brasil perfumado, iniciou-se uma longa discussão sobre a liderança desse território. Até anos atrás, essa liderança era inconteste: Natura. Já no ano passado, finalmente, a Natura teria sido superada pelo Boticário.
Antes de entrar na “briga”, uma nota técnica. O Brasil é líder mundial em perfumes – um consumo estimado em R$ 16 bilhões em 2014. E o que se denomina de “perfume” na indústria? São todos os produtos que por aqui situamos mais na esfera das colônias tipo alfazema, lavanda, que evoluíram para marcas consagradas do Boticário e da Natura como Acqua Fresca (supostamente a segunda marca de perfume que mais vendeu no mundo até hoje e do Boticário), Malbec, Floratta, Humor, Biografia, Kaiak, Ekos, todas elas precedidas pela inesquecível colônia de O Veado D´Ouro, que fazia com que homens do Brasil inteiro não voltassem de São Paulo sem um estoque dessa colônia para os meses seguintes nos anos 50. Quem diria, O Veado D´Ouro… E ninguém tinha sua masculinidade contestada!
Agora, a briga. Fechados os números de 2013, o Euromonitor, que audita o território, revelou: Boticário, 28,7%; Natura, 27,6%; em terceiro Avon, 15%; e quarto Jequiti, 10%. Segundo Denise Coutinho, diretora da unidade de Negócios de Perfumaria da Natura, a concorrência, leia-se O Boticário, fez uma leitura errada dos dados do Euromonitor. Não incluiu no total os produtos infantis onde a Natura massacra a concorrência. Se o total fosse correto, os números seriam: Natura, 28,3% e Boticário, 28,1%.
Quem tem razão, compete ao Euromonitor esclarecer. Mas o fato é que somos um país perfumado. E nesse país perfumado, a participação feminina é decisiva, mas a masculina, dia após dia, é cada vez mais importante. O perfume mais vendido no Brasil, Malbec, é comprado por homens entre 30 e 35 anos, das classes A a C. Já vendeu mais de 30 milhões de frascos desde o seu lançamento, e a cada novo ano vende mais 4 milhões. Aquele mesmo homem, que há 60 anos, comprava o imbatível O Veado D´Ouro, na rua São Bento…
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