Quando tudo parecia perdido, Jeff Bezos, o gênio do e-commerce – leia-se Amazon –, bateu o martelo e comprou, por US$ 250 milhões, um dos jornais mais respeitados do mundo, The Washington Post. O dia era 4 de agosto de 2013. Um dos reis do digital apostando muitas fichas no analógico. Desde então silêncio e as plataformas analógicas “emagrecendo”.
Quase dois anos depois, 2 de junho de 2015, e um ano após comprar dez títulos da Abril em 2014, a Editora Caras arrematou outros sete, totalizando a aquisição de 17 revistas da empresa líder no país. Dentre outras, Manequim, Recreio, Vida Simples, Placar, Você S/A e RH, Arquitetura E Construção, Contigo. Em menos de um ano, e num território onde poucos veem algum futuro ou perspectiva, Caras saltou de um único título para 18: “As revistas não vão acabar porque sempre vão existir leitores”, declarou Edgardo Martolio, o comandante da Caras no Brasil, a Jéssica Oliveira da Revista Imprensa.
Tomara Martolio tenha razão. Segundo ele, queremos crescer e enxergamos uma oportunidade na mentirinha de que a internet vai prejudicar o impresso. “Claro que altera, mas, são vendidas 400 milhões de revistas por ano. É muita coisa. Se tem uma indústria que vende 400 milhões de revistas por ano queremos estar nela.”
Muitos se perguntam por que só agora, quando se coloca muitas interrogações sobre o futuro da mídia impressa, Caras decidiu partir para aquisições de “baciada”. Diz Martolio: “Faz minimamente uma década que queríamos algum título da Abril… Tínhamos com o Roberto Civita um contrato espelho. Ele não podia lançar na Argentina nada que a gente não aprovasse, e nós o mesmo aqui. Sempre propusemos a cada ano um novo título, mas percebemos que, com o portfólio tão abarcante da Abril, seria difícil ele aprovar… Bom, se não podemos lançar nossos títulos, vamos comprar os deles…”.
E, reiterando sua crença nas revistas, é taxativo: “A Editora Caras, com 18 títulos, tem 41 milhões de usuários no Facebook. Em veículos é o número 1 do Brasil. Giancarlo Civita me disse uma coisa que adotei para mim. – Me falam que temos mais de dez milhões de usuários únicos e mais de cinquenta milhões de page views. Aí eu pergunto, o que isso nos representa comercialmente? Nada! Aumentamos o faturamento? Não! Bom, então vou pagar os bônus com page views…”.
E é esse o momento que vivemos. As plataformas analógicas, lenta e gradualmente, vão perdendo leitores – assinantes e compradores nas bancas. As digitais, por outro lado, “bombam” nos dois sentidos: no crescimento de acessos e page views, e no sentido que se usava nas escolas de antigamente. Ano após ano repetem o mesmo resultado: migalhas que mal pagam parcela mínima do custo fixo.
De qualquer maneira, e acreditando que Edgardo Martolio esteja em plena posse do juízo, seu exemplo é, no mínimo, alentador. E não para por aí: “Esse mercado sempre nos entusiasmou. Estamos esperando que o Brasil se recupere para lançarmos mais revistas”.
Todos torcendo e rezando por Caras e suas novas irmãs!
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