Martin Sorrell, do WPP, em encontro com a Broadcasting Press Guild, disse: “Há uma discussão acontecendo agora sobre a eficácia de jornais e revistas; mesmo em seus modelos tradicionais, e, talvez, eles sejam mais eficazes do que as pessoas estão supondo”. Miles Young, da Ogilvy, veio ao Brasil e concedeu entrevista à Folha: “Concordo com Martin. Sempre achei que havia uma tendência em enxergar as mídias impressas, TV e rádio como prematuramente mortas, por causa da chegada da mídia digital…”.
Vamos aos fatos, sem rodeios, mas com discernimento e sensibilidade, procurando contribuir com uma opinião isenta, independente e especializada.
1 – A questão a ser colocada e entendida é, no atual estágio, a missão das plataformas analógicas e das plataformas digitais. Salvo fato novo ou prova em contrário, é da competência das plataformas analógicas soltar o rojão, explodir a bomba, criar o fato. Assim como é da competência das plataformas digitais garantir a repercussão, funcionar como caixa de ressonância. Pelo maior tempo possível com relevância e qualidade. Portanto, imprescindíveis, e perdem o sentido, isoladamente.
2 – Dentre as plataformas analógicas, as mais afetadas no curto e médio prazo são os jornais e as revistas. Neste jornal propmark, completando 50 anos de serviços relevantes e lucidez em suas manifestações, temos como leitores profissionais sinceros e sem medo de conhecer, enfrentar e superar desafios. E todos sabem das dificuldades por que passam Estadão, Folha, O Globo, Valor e todos os demais jornais do país. E o quanto torcemos por eles e por todos os demais – de longe os maiores baluartes e guardiões da liberdade e da democracia – não apenas pelo conteúdo, mas também pela periodicidade. E ainda das dificuldades que vivem as revistas, conforme comentamos todos os dias com nossos queridos amigos e profissionais da Editora Abril e da Globo.
3 – Como as mais afetadas das plataformas do ambiente analógico precisam, urgentemente e enquanto sustentam heroicamente a circulação, se reposicionar. Encontrar um novo sentido, papel, missão, propósito, na reorganização do tabuleiro das mídias velhas e mídias novas, das plataformas analógicas e das digitais. E existe. Mas talvez ainda precisem de alguns anos para que tudo fique mais claro, o que não as faculta de seguirem adiante e de forma mais intensa nessa busca vital.
4 – Todas as análises e conclusões dos primeiros 15 dos 20 anos do digital, da internet, não deram a devida consideração para um detalhe decisivo. Vivemos mais! E isso faz com que hoje, no mínimo, quatro ou cinco gerações convivam neste admirável mundo novo que se forma. Dentre essas gerações, apenas uma é nativa digital. Todas as demais são nativas analógicas. E enquanto estiverem por aqui – ainda uns 40 anos – as plataformas analógicas – salvo fato novo e redentor – continuarão sobrevivendo ainda que com tiragens menores. Portanto, sustentando-se cada vez mais na qualidade de seus conteúdos.
Se tiverem de morrer, como diria Roberto Campos, morrerão de morte morrida e jamais de morte matada, como muitos supunham e alardeavam até meses atrás. E isso é tudo o que se sabe, por enquanto.
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