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O Brasil demorou 62 anos para ganhar um Grand Prix de Film em Cannes. No entanto, a Stink São Paulo precisou de apenas três para chegar lá. Apesar de a agência de publicidade levar a maior parte do reconhecimento e, logo, a F/Nazca Saatchi&Saatchi ter aparecido merecidamente como a grande vencedora do Leão e de tantos outros troféus ao longo de 2015, o trabalho executado pela produtora é determinante para que uma peça atinja o nível de excelência capaz de colocar um filme em condições de disputar e conquistar um GP no festival de criatividade mais concorrido do mundo.

Marca global e respeitada internacionalmente entre as produtoras, a Stink abriu seu escritório em São Paulo em 2012. Liderada no Brasil pela dupla de diretores de cena Jones+Tino e Mario Peixoto, que detêm 51% de participação na operação brasileira – o resto pertence à networking –, a empresa celebra a lista de prêmios conquistados com “100”, campanha que promoveu um século de existência da marca de máquinas fotográficas Leica. Por outro lado, assim como atores e diretores que não gostam de ficar marcados apenas por um único filme na carreira, a Stink faz questão de apresentar um portfólio que vai mais além e que defende um conceito.

“A gente procura aceitar projetos que tenham a ver com a nossa cultura. Ideias que contem histórias impactantes. Às vezes chegam roteiros que a gente recusa. Outras vezes, a gente faz questão de pegar, mesmo que não tenha grandes orçamentos”, comenta Ricardo Jones, da dupla Jones+Tino, que comandou a produção do primeiro GP de Film do Brasil em Cannes.

O próprio desempenho da campanha “100” é resultado, em parte, desse pensamento que resume a busca pela excelência em primeiro lugar, antes mesmo do faturamento. O vídeo contou com mais de cinco meses somente na fase de pré-produção e envolveu profissionais de quatro países da América Latina, além de uma pesquisa intensa para mostrar a importância do produto que possibilitou tirar a fotografia de dentro dos estúdios para a vida real. “Foi a tempestade perfeita. Ideia forte, tempo para filmar tudo, possibilidade de desenvolver a narrativa. A gente consegue ter um resumo da humanidade. Um trabalho que reuniu condições quase únicas nesse mercado”, explica Jones.

Considerando que “100” é realmente uma exceção, ainda mais no mercado brasileiro que convive com prazos curtos de entrega e pressão por resultados rápidos por parte dos clientes, Jones prefere não se acomodar com os troféus e ressalta outras campanhas de qualidade nas quais o conceito da Stink pode ser visto. Entre elas, destaque para o filme perseguição, produzido para a Ford em campanha criada pela agência Blue Hive, que segue o estilo de apresentar uma história em vez de apenas mostrar um produto. “No fundo, nós somos contadores de histórias”, resume o sócio da produtora, que vê no digital uma oportunidade de realizar trabalhos menos engessados pelos 30 segundos da TV. “O digital é cada vez mais a plataforma para se contar histórias”.

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Embora a Stink faça parte de uma rede com escritórios em Londres, Paris,Los Angeles,Berlim, Moscou e Xangai, a proposta da filial paulista é se manter fiel a uma proposta com menos ambição pelo dinheiro e mais pela qualidade do trabalho. “Não queremos ser uma produtora grande. Queremos ser uma grande produtora”, conclui Jones. 

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