A busca pelos chamados “produtos verde e amarelo” cresceu muito desde o início do Mundial

 

O bordão “imagine na Copa!” ficou para trás e a Copa do Mundo da Fifa 2014 está, de fato, acontecendo no país e movimentando as ruas e lojas com as cores da marca do Brasil. Apesar da crise na economia, o sentimento de patriotismo aflorou nos brasileiros, inclusive nas crianças, e a busca pelos chamados “produtos verde e amarelo” cresceu muito desde que a bola começou a rolar nas arenas. Os pequenos negócios estão sendo os mais beneficiados – quem não viu vendedores nas esquinas oferecendo bandeiras, camisetas, cornetas e afins? Demorou mas, enfim, o clima de Copa tomou conta do país e mesmo com certos problemas de organização e algumas manifestações, pelo menos por enquanto, não há nada que manche a imagem do Brasil.

A empresária Glaucely Carreira, por exemplo, montou um quiosque exclusivo com produtos do Brasil no Andorinha Hipercenter, complexo de supermercado e lojas localizado na zona norte de São Paulo que atende sobretudo a classe C, e viu um verdadeiro boom nas vendas. “Estou vendendo muito. No primeiro dia do jogo do Brasil, formou uma fila enorme. As pessoas dizem que querem torcer e que o patriotismo está no sangue”, conta ela. Também não faltam  declarações de amor ao Brasil nas ruas, com muita gente vestindo a camiseta verde e amarela e exibindo bandeiras nos carros.

“Muitos dizem: ‘eu amo o Brasil’. O povo está bem animado”, reforça Glaucely. A empresária afirma que também está vendendo muitos artigos para crianças. “Os pais nos visitam e dizem que têm que comemorar, afinal será a primeira Copa dos filhos e ainda no Brasil”, acrescenta ela. A expectativa agora é com o avanço da seleção comandada pelo técnico Felipão na competição. “Se o Brasil for para a final, aí sim vou vender muito”, acredita.

Varejo

Tendo como base a receita do varejo apurada em pesquisas de comércio do IBGE, a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) estima que o Mundial eleve em R$ 826 milhões a receita das lojas especializadas na comercialização de artigos de uso pessoal e doméstico no segundo trimestre de 2014. Esse segmento responde por, aproximadamente, 6% do faturamento anual do varejo brasileiro.

A Associação Comercial do Distrito Federal (ACDF) divulgou que as vendas de produtos para a Copa do Mundo aumentaram em cerca de 10% após a primeira vitória da seleção brasileira no Mundial.

Já a Fecomercio-SP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo) afirma que a Copa não alterou a previsão de crescimento de 0% a 2% para o varejo paulista no ano, apesar do incremento na movimentação. “Ninguém está esperando realmente uma grande movimentação, o que acontece é um deslocamento de consumo e por região. Você vai consumir certamente os produtos mais relacionados à Copa do Mundo, vai mais a bares e restaurantes, e os turistas que estão nas cidades-sede acabam incrementando algum tipo de confraternização”, afirma Fábio Pina, assessor econômico da Fecomércio.

O economista reconhece que o pequeno comércio está vendendo mais artigos verde e amarelo, porém, avalia que o volume não é significante perto do que o varejo paulista vende. “Esse tipo de produto é barato, na rua 25 de Março há uma série de lojas com esses artigos, mas não acho que tenham relevância diante de um volume de vendas diário na capital entre R$ 400 e 500 milhões e que alcança R$ 150 bilhões por ano”, observa Pina.

Turistas

A Visa, líder global em pagamentos, divulgou o seu relatório de turismo – “Onde você quiser estar” – que analisa os gastos dos turistas com todos os produtos da empresa, incluindo crédito, débito e cartões de pagamento pré-pagos durante a Copa do Mundo da Fifa Brasil 2014. No período de abertura do Mundial, de 12 a 15 de junho, a Visa reportou que visitantes internacionais movimentaram US$ 27 milhões com seus cartões, um aumento de 73% em relação ao mesmo período do ano passado e 47% maior se comparado aos primeiros dias da Copa das Confederações da Fifa 2013, em que visitantes gastaram cerca de US$ 18,5 milhões.

Segundo a empresa, turistas dos Estados Unidos, Reino Unido, França e México foram os que mais consumiram. A estimativa do governo brasileiro é de que 600 mil turistas estrangeiros venham para o Brasil durante o Mundial.