A CEO Larissa Andrade busca ampliar o conhecimento da agência e defende uma remuneração mais transparente no mercado publicitário

Carioca com passagens pela Agência3, GiovanniFCB, AlmapBBDO e Grey, Larissa Andrade se tornou CEO da Maria São Paulo em fevereiro de 2020, um mês antes de estourar a pandemia da Covid-19. Embora estivesse na agência desde o dia 1 da empresa, onde começou como mídia, passou pela diretoria de atendimento, operações, e logo depois se tornou sócia, o desafio de comandar a Maria chegou em um momento atípico. Apesar da redução no quadro de funcionários e de clientes no período, a executiva considera que o pior já passou. No ano passado, conquistou as contas de Melora (FQM), Topz (Cremer) e Estée Lauder (dona de marcas como Clinique, Jo Malone e MAC).

Para este ano, Larissa afirma que o seu maior desafio é ampliar o awareness da Maria e ser reconhecida pelo mercado para trazer novas contas. “Tem um desafio enorme de business pelo fato de eu ser mulher, de a agência ser independente. Quero que o negócio cresça, mas mantendo o nosso lado humano. Além de cuidar da gestão dos clientes, tem o desafio de como fazer a Maria crescer, ser uma agência mais reconhecida, estar no ranking de agências mais promissoras do mercado nos próximos anos, de o mercado enxergar a Maria como uma marca. Mesmo trabalho que tenho com os clientes preciso ter com a agência. É a velha história: casa de ferreiro espeto de pau”, ressalta ela.

Uma bandeira de mercado que a CEO da Maria São Paulo levanta é a de transparência na remuneração. A agência não cobra dos clientes comissão de mídia, trabalha com fee mensal. “O meu cliente sabe para onde está indo o meu lucro, quais são os custos indiretos e o investimento em pessoas. Nós abrimos mão de cobrar comissão de mídia, porque acho que a comissão é um jeito de prostituir o mercado. Eu acredito que as agências têm de começar a ser remuneradas pelos serviços de inteligência prestados para o cliente e não pela quantidade de mídia que compram. Na Maria, cobramos fee mensal dos clientes, com um cálculo simples: 50% do dinheiro vai para pessoas; 30% para custos indiretos e 20% de lucro”, explica.

Em sua visão, é necessário mudar a percepção de valor dos serviços prestados na publicidade. “Acho que tem um trabalho grande de reposicionar o mercado publicitário como um todo, de valorizar mais também os profissionais que trabalham nele. Hoje em dia, as pessoas trabalham em dois, três lugares”, observa Larissa.

Visão digital
Para a executiva, 2022 será um ano que fará a diferença para as agências com perfil digital. “Acho que a visão digital vai fazer a gente se reinventar cada vez mais e ficar de olho em novos formatos, principalmente relacionado ao universo de cookies. Trata-se de uma nova diretriz de comunicação cruzando a timeline de lançamentos dos clientes com a régua de conteúdo e a estratégia de cookies proprietários. E nesse caso o céu é o limite. Dá para ser muito criativo”, analisa.
Larissa conta que a agência está trabalhando em um projeto digital com foco em dados tendo em vista o fim dos cookies para o cliente FQM (Melora), por exemplo. “As empresas que estão se preparando para esse futuro, que foi a proposta que a gente levou para a FQM, conseguirão se organizar para trabalhar futuramente com os próprios cookies a seu favor”.

Outro ponto forte da Maria São Paulo, que conta com estrutura enxuta de 25 colaboradores fixos, é ter 100% de líderes mulheres e 70% do departamento de criação formado por profissionais femininas. “A agência já nasceu diversa, é brasileira, formada em sua maioria por mulheres. Eu acho que o fato de ser uma agência brasileira, independente, já traz a diversidade junto, com o nome mais brasileiro que existe, que é Maria”, reflete Larissa, acrescentando que o ano começou acelerado, tem participado de várias concorrências e, para ela, “o pior já passou”.