A ideia de que a mídia impressa estaria perdendo seu valor publicitário ganhou força com a popularização da internet nos anos 2000 e ainda mais recentemente, com os consumidores cada vez mais conectados. Nos últimos dias o assunto voltou a ser debatido, mas sob uma perspectiva diferente e positiva, após Martin Sorrell, CEO do WPP Group, ter dito que os modelos tradicionais de revistas e jornais têm mais força do que as pessoas imaginam.
A declaração de Sorrell foi feita durante encontro com a associação britânica de jornalistas Broadcasting Press Guild, no último dia 27. Na oportunidade, ele ressaltou que o engajamento em relação a jornais e revistas é maior e as pessoas tendem a fixar melhor as informações veiculadas em papel do que em plataformas online. “Há uma discussão acontecendo agora sobre a eficácia de jornais e revistas, mesmo em seus modelos tradicionais, e talvez eles sejam mais eficazes dos que as pessoas estão supondo.”
A postura do líder da WPP teve grande repercussão internacional e foi recebida pelos representantes do meio como um incentivo, num momento em que as plataformas digitais vêm sendo a aposta de muitas marcas devido ao grande número de consumidores online – pesquisa recente da Ipsos MediaCT revela que 78% dos consumidores não imaginam a vida sem internet.
Para Fred Kachar, presidente da Aner (Associação Nacional de Editores de Revistas), Sorrell resumiu bem a importância da mídia impressa. “Pesquisas mostram que quando se fala em credibilidade, índice de atenção exclusiva e o quanto as pessoas se lembram de um determinado anúncio, as revistas são líderes. Percebemos que, mesmo com sua eficácia comprovada, as mídias impressas não estão tendo o seu valor reconhecido. Nosso papel, enquanto associação, é continuar intensificando a comunicação e divulgando aquilo que nos diferencia das outras mídias”, aponta.
Da mesma opinião, Ricardo Pedreira, diretor-executivo da ANJ (Associação Nacional de Jornais), reforça o papel das agências na divulgação de marcas em mídia impressa. “Estamos no meio de uma revolução no mercado, com as mídias digitais em crescimento, o que faz com que pessoas do próprio mercado às vezes percam a exata perspectiva de eficácia de cada meio. Não quero desconsiderar a importância das mídias digitais, mas a declaração de Sorrell, neste momento, chega para colocar as coisas no devido lugar, já que pesquisas no mundo todo mostram jornais e revistas com uma carga de credibilidade única.”
Recentemente, o IAB Brasil (Interactive Adverstising Bureau) realizou, em São Paulo, o Mobile Day, evento que debateu novas formas de fazer publicidade on-line. A diretora-executiva da entidade, Cristiane Camargo, acredita que o mercado publicitário oferece espaço para todas as mídias. “Como profissional de comunicação, o pensamento é sempre o de encontrar o meio que seja mais pertinente ao seu objetivo. A declaração de Sorrell faz sentido. As marcas precisam entender que cada meio tem seu papel diante de um target. O meio digital faz parte de um mix de comunicação. Não há uma regra clara, mas serviços, bancos e e-commerce, por exemplo, se beneficiam muito dos meios digitais. Na verdade, é preciso estar atento ao objetivo na hora de escolher a melhor mídia”, pontua.