Agência pautada pela união de criatividade, dados e mídia digital reforça investimento no mercado brasileiro, um dos que mais crescem no mundo
As conversas sobre metaverso se multiplicam, mas o falatório espalha apenas “buzz, para capturar usuários”, critica Wesley Ter Haar, sócio-fundador da Media.Monks, estrutura criada a partir da junção com a MightyHive e apresentada ao mercado em agosto de 2021 pela S4Capital, de Martin Sorrel, com a promessa de unir conteúdo criativo, dados e mídia digital. Em setembro, a Media.Monks prevê a abertura de novo escritório no Brasil, um dos mercados que mais crescem no mundo. A expectativa é encerrar 2022 com expansão de cerca de 30%.
“Enxergamos muitas oportunidades além do investimento de mídia em TV. Queremos chamar as marcas à inovação com um time de talentos brasileiros trabalhando em parceria com profissionais de todo o mundo”, indica Ter Haar. Experiências imersivas e integradas estão em curso para projetos anunciados em breve.
Especialista em virtualização, o executivo foi o primeiro presidente do júri de Digital Craft do Cannes Lions, em 2016, quando a categoria foi lançada. O prestígio se repetiu na edição deste ano. Foi Luciana Haguiara, diretora-executiva de criação da agência, quem presidiu o julgamento dos trabalhos. A FCB Brasil ganhou o único troféu da delegação nacional na área. Voltou com Bronze para Black Characteres, criado para a Revista Raça.
Caracteres não ocupados por tweets eram preenchidos automaticamente por uma voz preta e publicados no Twitter, com referências a nomes do movimento negro na literatura, arte, esportes e jornalismo. Já o Grand Prix foi para Virtue Worldwide, de Nova York, com Backup Ukraine, para Polycam/Unesco. O aplicativo desenvolvido pela agência permitia que milhões de ucranianos recriassem monumentos destruídos pela guerra, que ficarão armazenados na nuvem.
“Digital é onde a vida acontece”, reflete Ter Haar, em entrevista exclusiva ao PROPMARK. O sócio-fundador da Media.Monks fala que a discussão sobre quanto tempo a pessoa gasta no digital é inócua. O que importa é o valor de atividades tão relevantes quanto as interações físicas. “O metaverso dá sentido a conversas, comunidades e pessoas que se redescobrem. Isso é vida”, avalia.
Entender o papel da marca para os consumidores é fundamental. Mas, nessa fase de aprendizado, é preciso paciência para obter retorno. “Não espere mágica. Há muito interesse em todo mundo, porém, as pessoas devem ser realistas sobre os resultados”, pondera. Ter um propósito claro também ajuda. “O que a marca está tentando fazer? O que essa ação significa? Busca algum valor específico”, questiona.
Ter Haar considera óbvio o exemplo vindo do mercado de luxo. O entendimento das grifes sobre cultura explica o pioneirismo do setor no metaverso, favorecido por recursos, como NFTs - sigla para Non-fungible Tokens (em tradução livre, tokens não-fungíveis) -, capazes de elevar o conceito de customização intrínseco ao mundo do luxo. “É uma extensão natural desse espaço”, destaca.
Da integração de conteúdo, dados e tecnologia surgem estratégias capazes de garantir a tão cobiçada diferenciação perseguida pelas marcas. “Partimos sempre da análise do que é possível fazer combinando competências”, conta Ter Haar. A concretização dos projetos depende de profissionais que entendam as oportunidades sinalizadas em cada uma das áreas.
Expoentes da tecnologia e da criatividade se valem desse mix de disciplinas para extrair referências, sintetizar informações e investigar tendências de comportamento. “A quantidade de mudanças que aconteceram nos últimos dois ou três anos em nosso espaço é incrível”, lembra. Manejar diferentes visões de um cenário tão amplo renova o ciclo de construção de marcas que, no Brasil encontra investimentos reforçados da Media.Monks a partir deste segundo semestre.