Mais que nunca, temos de acreditar na ciência dos nossos doutores médicos para o combate a esse vírus estranho, que inclusive ameaça voltar logo mais em uma segunda onda. Nosso Butantã esforça-se para criar a vacina que evitaria novas contaminações, podendo inclusive deter a segunda onda, mas isso ainda leva tempo. Enquanto a ciência se esforça para enfrentar e exterminar o inimigo cruel, que tomou conta do planeta e propõe retornar na tentativa de completar o serviço inacabado, resta-nos o resguardo, comportamento que os cientistas desde o surgimento do coronavírus não param de recomendar.

Há uma arma que muito se usa entre nós em tempos alegres, que é a propaganda. O que temos visto dela, assinada por alguns poucos governos do nosso país, não é a verdadeira propaganda brasileira, detalhista e chamando o público para si. Ela tem passado quase batida, perdendo de goleada para o bom e cansativo trabalho que a nossa mídia tem feito, esclarecendo a população sobre as recomendações a serem tomadas visando minimizar os efeitos do trágico vírus.

Surpreendentemente, os anunciantes praticamente saíram da mídia, quando poderiam ajudar – e muito – as autoridades no combate a esse estranho e desconhecido inimigo. Pena que assim esteja ocorrendo, pois a força da propaganda no convencimento da população é indiscutível e os grandes anunciantes, empenhando-se nessa batalha, ajudariam e muito as autoridades no combate a essa primeira grande desgraça mundial do século 21, através a nosso ver de dois ingredientes fundamentais: o esclarecimento com criatividade à população e a transmissão a esta de uma certa e muito necessária dose de otimismo, do que nos dias que se seguem, somente a propaganda é capaz.

Para não sermos injustos, reconhecemos que há, aqui e ali, peças publicitárias com essa pertinência, mas muito pouco para o fim destinado. Se por exemplo a recomendação científica maior é a do fique em casa, grandes e criativas campanhas publicitárias de marcas famosas teriam mais sucesso nessa empreitada do que apelos de governantes que nem sempre são benquistos por boa parte da população, o que faz funcionarem ao contrário seus apelos.

Na volta aos locais de trabalho nos próximos dias, com maiores recursos para a criação de peças e campanhas para os seus clientes-anunciantes e destinadas ao grande público, acreditamos que isso acabará acontecendo, demonstrando a força de uma atividade que sempre se sobressai perante a maioria das demais.


O PROPMARK comemora com esta edição 55 anos de circulação ininterrupta (a data correta é 21 de maio, mas estávamos no auge da pandemia naquele momento), sendo um dos poucos no mundo a ter desde o seu início e até aqui a mesma direção, um fato a nosso ver de grande importância na sua credibilidade.

Outro fato que a esse muito se assemelha é a presença até hoje na produção do jornal, desde a coleta de matérias de interesse jornalístico especializado, de companheiros que começaram conosco em maio de 1965, colaborando de maneira decisiva com o nosso respeitado slogan de um compromisso com a verdade. A história toda do PROPMARK é repleta de uma gigantesca luta para a sua sobrevivência, principalmente em tempos já de consagração do online, onde também ocupamos – e bem – nosso lugar.

Ao folhear esta edição, o leitor se deparará com toda essa longa caminhada, contada pelos nossos jornalistas, por colaboradores e até mesmo por leitores, que se dispuseram a escrever um pouco sobre este tradicional especializado, partícipe de iniciativas que marcaram época, sendo que algumas delas prevalecem até os nossos dias.

Muito provavelmente uma das mais importantes se refere ao Cannes Lions, ainda nos seus arbores, que a nossa diminuta delegação de profissionais, nos primeiros anos do consagrado festival, ora em Cannes, ora em Veneza, ajudou a divulgar de forma ampla a todo o país, antevendo nesse festival o grande evento que colaboraria – e muito – com o aperfeiçoamento não apenas da nossa publicidade, mas também de países vizinhos que passaram a acompanhar nossos passos anuais em direção a Cannes.

Uma lida com atenção nesta edição comemorativa vai mostrar e/ou lembrar aos nossos leitores um sem-número de iniciativas tomadas pelo PROPMARK que ajudaram a colocar a propaganda brasileira entre as melhores do planeta.


Merece registro especial neste editorial a presença de grande número de empresas do mercado, através de anúncios comoventes e ao mesmo tempo de reconhecimento a um trabalho que não pode nunca se esgotar. Uma das perversidades desta profissão é a de, como os escoteiros, estar sempre alerta e isso tem se tornado uma marca indelével nesta história de 55 anos.

Ainda sobre os anúncios, que precisamos agradecer a todos pelas dificuldades de verba neste momento brasileiro tão complicado, um destaque muito especial às grandes marcas aqui presentes, que só enaltecem o nosso trabalho. Vale aqui o tradicional ditado: “Dize-me com quem andas e te direis quem és”. Agradecemos até comovidos a estes nossos apoiadores, que reconhecem no PROPMARK a importância de um jornalismo setorizado, livre de influências nefastas e de amarrações sempre prejudiciais ao livre exercício de bem informar.


Um destaque especial à nossa Redação, dirigida com competência, sabedoria e profissionalismo pela jornalista Kelly Dores, com um olho no impresso e outro no digital. Dentre tantas matérias excelentes para marcar esta edição especial, Kelly escolheu as seguintes, que em sua homenagem fazemos questão de relacionar:

  • Matéria especial: Executivos refletem sobre mudanças na comunicação. Edição comemorativa do jornal traz o ponto de vista de 55 grandes nomes do mercado sobre o momento e as expectativas pós-pandemia. A ideia foi convidar 55 publicitários, em referência à ‘idade’ da publicação, para fazer uma reflexão sobre o momento e o que esperar após a pandemia da Covid-19. O resultado é surpreendente. Muitos deles acreditam que o mundo será diferente daqui pra frente. Outros, porém, não acham que as coisas vão mudar tanto.
  • Matéria com um histórico e destaques sobre os últimos 55 anos da criatividade brasileira.
  • Matéria sobre a aprovação pela Câmara Municipal da Medalha Anchieta a Armando Ferrentini, com depoimentos de personalidades do mercado publicitário.
  • Entrevista com o filósofo Luiz Felipe Pondé, que analisa o mercado na pandemia e reflete sobre termos como o “novo normal”.
  • Entrevista com Daniela Cachich, CMO da PepsiCo, que fala sobre o legado que a crise vai deixar para a propaganda.

Em uma edição esperançosa como esta, uma nota triste: o falecimento do nosso ex-diretor de Redação, Rafael Sampaio, vítima de infarto fulminante na madrugada do último dia 12. Nossos pêsames à família.