O mercado publicitário foi surpreendido com a notícia de que José Roberto Whitaker Penteado será substituído, na presidência executiva da ESPM, por Dalton Pastore. Convivo com o José Roberto há mais de 40 anos. Já era um admirador do trabalho de seu pai, e tinha certeza que JR havia herdado sua capacidade de pensar objetivamente, escrever bem, ministrar boas aulas e fazer bom jornalismo. Isso se provou verdadeiro desde quando José Roberto assumiu a cadeira de Planejamento na ESPM do Rio e depois em São Paulo e, finalmente, quando foi eleito para a presidência da ESPM, após o falecimento de Luiz Celso Piratininga.
A ESPM sempre teve sorte com seus presidentes, desde os voluntários, como Rodolfo Lima Martensen e Renato Castelo Branco, até os remunerados, como Otto Scherb, Francisco Gracioso, Piratininga e o próprio José Roberto. Todos começaram na profissão muito jovens, originários de funções mais modestas no negócio da propaganda, e foram crescendo no ofício através da presença constante no planejamento, na criação, na apresentação e no acompanhamento de centenas de campanhas, na participação do desenvolvimento de grandes marcas e na companhia de grandes empreendedores. Contava também a convivência com os excelentes professores do passado e do presente, como José Kfoury, Otávio da Costa Eduardo, Caio Domingues, Tio Chico, Antonio Nogueira, Gerhard Wilda, Laerte Agnelli, José Eduardo Bicudo de Almeida e tantos outros, que forjaram o lema “Ensina quem faz”.
Administrar uma grande faculdade é diferente de administrar uma empresa comercial. Nessa, seu objetivo é a sobrevivência e a expansão: naquela, é a sobrevivência e a reputação. Sobreviver é uma primeira obrigação sempre. E para isso, é preciso buscar um pouco mais do que o equilíbrio entre a receita e a despesa. Uma grande escola pode até não se expandir, mas deve sempre ser respeitada pela qualidade de seus professores, a admiração e a gratidão de seus alunos e a capacidade de ser relevante em sua comunidade. E pelo seu carisma como uma organização de vanguarda.
José Roberto deixará uma memória positiva na história da ESPM, como um grande presidente que conseguiu atrair os melhores professores e inspirar confiança em milhares de alunos, na comunidade acadêmica e junto a empresas, pois manteve para a ESPM um nível de empregabilidade sem paralelo no mercado. Com a equipe que o assessora, principalmente a diretora financeira, deixa um caixa robusto e uma estrutura que, se não é enxuta, é aquela que provê o melhor nível de serviços para os alunos – pois uma escola é, fundamentalmente, uma prestadora de serviços.
Pessoa culta e refinada, com excelentes credenciais, grande anfitrião, cosmopolita, José Roberto sempre foi recebido com respeito em congressos, reuniões, ministérios e nas faculdades estrangeiras com as quais a ESPM mantém convênios ou relações. Com todos mantinha um diálogo de alto nível, mas sempre bem-humorado, que encantava os interlocutores. Felizmente continuará a prestar serviços para a ESPM após 31 de dezembro de 2016, quando deixará a presidência. E felizmente, também, será substituído por Dalton Pastore – uma pessoa com profundas raízes no ofício e com reconhecida habilidade para satisfazer um exigente Conselho, composto por luminares da comunicação. Dalton Pastore é bem-vindo – e espero que se mantenha trabalhando para a Escola para além dos 75 anos.
Roberto Duailibi é integrante do Conselho deliberativo da ESPM (mas não um dos luminares)