A Band atravessa uma maré difícil, mas a aposta do mercado é que a emissora paulista vai se recuperar rápido. Na semana passada, a Band anunciou que deixa de transmitir este ano os jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol da Série A, que exibiu nas últimas dez temporadas, junto com a Globo. É um golpe para a TV, que tem fama e tradição na cobertura esportiva, mas essa não é a primeira vez que a emissora abre mão de um campeonato – ela também está fora da Copa do Brasil. A Band alegou que o agravamento da crise econômica impediu a emissora de prosseguir com o licenciamento. As dificuldades de fechar as cotas de patrocínio com anunciantes pesaram na balança. E agora, sem o Brasileirão, as fichas serão todas em cima da cobertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

Divulgação

“É um reflexo da economia, o mercado publicitário está um pouco mais retraído. Em 2014, eles [Band] fizeram movimento parecido, saíram da Copa do Brasil, mas em 2015 voltaram. Eles são consolidados como marca de esporte e acredito que no ano que vem eles voltem a transmitir tanto o Campeonato Brasileiro como a Copa do Brasil”, avalia Ivan Martinho, professor do MBA em Negócios do Esporte da ESPM. 

O especialista em marketing esportivo ressalta que, para ter uma boa cobertura de um torneio, uma emissora precisa, além do dinheiro para a compra dos direitos de transmissão, também ter recursos para pessoal e logística, o que custa muito. E diante das poucas verbas no mercado publicitário para fechar o Brasileirão, ele acredita que a emissora optou por concentrar os esforços nos Jogos Olímpicos.

“Para a cobertura das Olimpíadas, é preciso criar um diferencial, ter deslocamento de equipe, o que custa muito. Somando o que tiveram de gastar com os Jogos e a retração do mercado publicitário, o resultado é que eles não tiveram sucesso na venda do Brasileiro e resolveram abrir mão desse direito”, completa ele.
“Do ponto de vista de produto, o mercado publicitário perde essa boa opção de investimento com a Band, que fez belas transmissões e tem um acerto grande quando se trata de futebol”, acrescenta Martinho. A Band não divulgou o que vai exibir em sua grade no lugar da transmissão das partidas do Campeonato Brasileiro 2016.

No mercado, a especulação gira em torno do interesse de Record, RedeTV! ou SBT em dividir os direitos com a Globo na TV aberta, mas é dado quase como certo que este ano a emissora carioca ficará sozinha no Brasileirão por uma questão de timing, afinal o torneio começa no próximo dia 14 de maio.
“Acho que a Record teve experiências ruins e não acho que seja concorrente séria. Talvez a RedeTV! poderia se interessar, 

mas ela precisaria de tempo para estruturar tanto a cobertura como também para buscar patrocinadores. Eles não têm isso pronto. É muito difícil acharem grandes orçamentos disponíveis no mercado para viabilizar o projeto. Minha impressão é que a Globo vai transmitir o Brasileirão sozinha este ano e a Band volta em 2017”, destaca o professor.

A Globo afirmou que pretende negociar os direitos de transmissão do Brasileirão com outras emissoras.

Divulgação