Quase quatro anos após a aquisição do WhatsApp por US$ 19 bilhões, finalizada em outubro de 2014, o Facebook vai começar a monetizar a ferramenta e conta com a publicidade para isso. O serviço Status, que cumpre o mesmo papel do Stories no Instagram com seus posts com duração de 24 horas, passará a ter em 2019 a possibilidade de compra de anúncios. Embora não seja tão popular no Brasil ainda, o Status tem 450 milhões de usuários globalmente.
O aplicativo estará integrado ao sistema de publicidade nativa do próprio Facebook, o que significa que Status e Stories terão modelos parecidos de publicidade, segundo reportou o Wall Street Journal, em que as peças de propaganda são exibidas depois do fim de uma publicação e antes da próxima.
Outra novidade para a monetização do WhatsApp é um formato de anúncios para empresas, ainda centrado no Facebook, mas que vai direcionar usuários para um chat no WhatsApp Business, plataforma focada em negócios. O modelo consiste em display que, ao ser clicado, encaminha as pessoas para o chat e estabelece um canal direto entre empresas e consumidores. A ideia é que as empresas integrem seus sistemas de CRM e atendimento ao consumidor à plataforma de mensagens. Ainda pelo formato, as respostas ao consumidor em até 24 horas serão gratuitas para as empresas, mas para o que passar disso, haverá uma taxa de pagamento.
O mercado já se prepara para as novidades. “O Whatsapp Business otimiza a interação entre cliente e empresa, já que fornece ferramentas para automatizar e responder mensagens de forma mais rápida. Pensando no imediatismo do cliente de hoje, isso é uma grande vantagem do app. Do lado do cliente, ele passa a ser melhor atendido”, aposta Rodrigo Ricco, CEO da Octadesk, empresa de suporte e relacionamento.
A TIM foi uma das primeiras empresas a afirmar que vai integragir com seus clientes através do WhatsApp Business. “A empresa vem realizando testes com um grupo de clientes que hoje já recebem suas faturas via WhatsApp e, a partir de agora, poderá ampliar essa iniciativa para outros usuários”, disse a empresa, em comunicado. A Wavy, empresa do grupo Movile, também anunciou que está trabalhando com o WhatsApp para atender clientes corporativo, como Avon, iFood e Ingresso Rápido. Com a gigante do mercado de cosméticos, as mensagens informam as revendedoras da marca sobre esse novo canal de comunicação com um link para os novos catálogos de produtos. A ideia é usar a plataforma do WhatsApp Business também para geração de boletos e tracking de pedidos.
No mercado de agências, acredita-se que o usuário não verá problema em formatos pagos no WhatsApp. “Quando se tem milhões de usuários na plataforma, não se pode descartar a possibilidade de utilizá-la também como canal de comunicação. O mais interessante é o cuidado em manter tudo gratuito aos usuários e cobrar apenas das empresas que usarem o serviço para fins comerciais. É algo muito parecido com o que já acontece em outras plataformas, como o Instagram”, analisa Felipe Andrade, diretor de criação da Rapp Brasil.
“É mais um canal importante para as marcas. O Status é o placement que vai gerar alcance no WhatsApp, mas como a plataforma permite uma comunicação personalizada, com assuntos específicos por pessoas ou grupos, espero a evolução de formatos focados em engajamento”, avalia Guilherme Cavalcante, vp de data insight e mídia da Sunset.
As agências já estão se estruturando para atender a demanda por comunicação das marcas no WhatsApp. “Estamos trabalhando com alguns clientes com mindset de serviços, principalmente focados em levar tráfego para lojas físicas, mas também estruturando outros trabalhos conectados com CRM”, diz Cavalcante. “Em qualquer nova plataforma, o principal cuidado é usá-la com coerência, pertinência e inteligência. No caso do WhatsApp, não podemos transformá-lo em um enorme varejo e deixar as pessoas enjoadas com conteúdo invasivo e descartável. Com prudência, análise de dados e criatividade, certamente será possível ser agradável e eficiente fazendo comunicação por lá”, diz Andrade, da Rapp.
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