Cláudia Campos reforça que a Abemd discute a questão da proteção de dados há mais de dez anos (Alê Oliveira)

Há cerca de dois anos, a Abemd (Associação Brasileira de Marketing de Dados) viveu uma situação crítica e quase fechou. Após a saída de Efraim Kapulski em fevereiro de 2018, Toninho Rosa (presidente da Dainet) assumiu a presidência da entidade de forma voluntária e contratou a executiva Cláudia Campos como CEO para comandar a área de negócios da associação, que passou a ter gestão compartilhada e agora colhe os frutos do trabalho.

“Conheci o Toninho na agência Registrada, na época um birô
da W/Brasil. Embora minha formação seja publicidade, atuo na área de negócios há 20 anos, nos mais diversos segmentos. Vim com uma grande responsabilidade, que virou missão, de reverter a possibilidade de fechamento da Abemd e levá-la à transição de marketing direto para marketing de dados e mantê-la entre as maiores associações do país”, conta Cláudia.

Segunda ela, o primeiro passo na reestruturação da Abemd foi mudar a gestão centralizada para uma gestão compartilhada. “O foco era unir expertises de todos, levando em conta o tempo que estavam na Abemd, envolvendo todos nos processos, o que garantiu uma troca de ideias, experiências e alinhamento claro para reativar os dois principais pilares da associação: os associados e o Prêmio Abemd, que havia perdido o ‘glamour’”, relembra.

Retomar o prestígio do Prêmio Abemd, que chega à sua 26ª edição, e não deixar de manter o protagonismo nas discussões da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), que entra em vigor em agosto deste ano e é uma das grandes preocupações das empresas, que precisam se adaptar às novas regras, foram outras medidas tomadas pela nova gestão da entidade. “A longevidade do prêmio demonstra não apenas o interesse do mercado em participar das avaliações técnicas, mas caracteriza sua seriedade e profissionalismo”, avalia.

Em 2019, a executiva conta que a Abemd recuperou 20% da base inativa. “Mantemos nossas audiências nos eventos e nas mídias sociais, e equalizamos ainda mais as finanças”. A entidade tem 165 associados e hoje uma das principais frentes é participar das discussões da LGPD, para apoiar o mercado com informações, certificação, capacitação e auditoria.

“Há mais de dez anos, a Abemd discute com afinco o tema da proteção de dados pessoais no Brasil. Neste sentido, convém destacar a atuação da Abemd, ainda em 2012, no 5º Congresso da Indústria da Comunicação, o qual contou com a participação ativa de 38 entidades integrantes do ForCom (Fórum Permanente da Indústria da Comunicação), como coordenadora da Comissão One-to-One: Personalização x Privacidade, do Congresso. De lá para cá, a Abemd se fez presente em audiências públicas, manteve diálogos com setores do governo e demais associações que discutiam o tema e suas implicações, sempre defendendo a aprovação de uma norma que refletisse os anseios do setor e a defesa do consumidor (titular de dados), estabelecendo equilíbrio entre a proteção de dados pessoais e a livre circulação de dados”, relata a CEO.

Segundo Cláudia, a aprovação da LGPD significou um avanço que reflete a segurança jurídica que as empresas do setor da comunicação social almejavam, visto que trouxe orientação à atividade de marketing de dados, delimitando parâmetros de regularidade, de modo a evitar a arbitrariedade do fiscalizador. “Apesar dos avanços, a Abemd entende que a aprovação da LGPD foi apenas o primeiro passo para concretizar o equilíbrio entre a proteção de dados e a livre circulação destes. A norma ainda carece de detalhamento e regulamentação em temas como legítimo interesse; subcontratação de parceiros para tratamento de dados pessoais; compartilhamento de dados por empresas de um mesmo grupo econômico, mas de setores distintos; e diferenciação das exigências para micro
e pequenas empresas”, acrescenta ela.