O presidente da Petz, Sergio Zimerman, afirmou que a rede de 82 lojas deixará de vender cães e gatos. E o espaço usado çara vendas será destinado para feiras de adoção de ONGs e protetores independentes.
A decisão acontece após a empresa ser apontada como compradora de um canil clandestino em Piedade (SP). O espaço Céu Azul tinha 1707 animais e funcionava sem autorização, segundo a prefeitura. O local foi descoberto pela Polícia Ambiental e esvaziado pela ativista e defensora dos animais Luisa Mell, que resgatou todos.
Em um post pelo Instagram na última terça-feira (19), a marca afirmou que o caso trouxe uma situação inédita em seus 16 anos de história. “O caso do canil de Piedade nos mostrou que, apesar de inúmeros esforços, não é possível garantir que todos os parceiros tenham a mesma preocupação que nós com o bem-estar animal”, escreveu.
Em seguida, por vídeo, o executivo explica a decisão tomada. Ele lembra que quando criou o grupo Petz se sentiu incomodado de como era o comércio de animais, em postos de gasolina e porta-malas de carros, por exemplo, e que decidiu fazer isso de forma segura na empresa. Afirmou ainda estar orgulhoso de ter comercializado milhares de filhotes com rigor, mas que se não há como garantir 100% essa segurança, a empresa vai encerrar essas vendas.
“99% não é 100%. Se tem a menor possibilidade de isso acontecer de novo, não serve. Tomei uma decisão. A partir de agora, as 82 lojas da Petz espalhadas por todo o Brasil não comercializarão mais cães e gatos. Quero dizer ainda que temos filhotes remanescentes. E todo o resultado obtido com a venda deles será destinado a causa animal através das ONGs participantes do projeto Adote Pets. Quero aproveitar também para comunicar que o espaço que utilizávamos para comercialização de cães e gatos será destinado para ONGs e protetores independentes para fazer feiras permanentes ou temporárias. Estamos muito felizes com essa nova fase da Petz”, afirmou.
Ele também agradeceu as manifestações dos seguidores e consumidores, que levaram a empresa a reflexão e início da nova fase. Assista.
Mobilização
Desde que a denúncia veio a público na última quinta-feira (14), o caso mobilizou ativistas, simpatizantes da causa e marcas como Cobasi, ClickBus, DogHero e Cometa, que emprestaram ônibus e doaram caixas de transporte, bem como ajuda com voluntários.
A rede Petz virou um dos pontos centrais da polêmica quando Luisa disse que o local fornecia filhotes para grandes redes de petshops e denunciou a empresa como uma das compradoras. Na sexta (15), Luisa postou um “prontuário de devolução de filhotes ao criador”. O documento, de 13 de janeiro deste ano, afirma que o animal estava com tosse.
Na própria sexta, Zimerman se pronunciou em um vídeo no Instagram da marca. O executivo pediu desculpas e firmou o compromisso de rever os processos de controle com os criadores que forneciam para a rede.
“Gostaria de compartilhar toda a minha indignação com as cenas horríveis e chocantes que vimos sobre o criador em Piedade na data de ontem. Temos todo um processo de homologação e fiscalização com os criadores. Podem ter certeza todo o processo nunca havia constatado uma situação irregular nesse canil. Mas a verdade é que alguma coisa deu errado, alguma coisa falhou. A primeira coisa que consigo fazer é pedir minhas sinceras deculpas pelo ocorrido e assumir um compromisso com vocês. Vamos revisitar todos os processos com os nossos criadores. Se não tivermos condições de assegurar que isso não ocorra mais tomaremos a decisão de não vender mais filhotes nas nossas lojas. Esse é um compromisso que quero pessoalmente assumir com vocês”, afirmou. Assista abaixo.
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No sábado (16), a Petz afirmou que estava apoiando o Instituto Luisa Mell no acolhimento dos animais resgatados. No vídeos, o executivo explica que Petz doou cercados, tapetes higiênicos, caixas de transportes e comedouros. Além disso, a empresa colocou a rede de hospitais e clínicas para os atendimentos e cirurgias de castração, bem como as 82 lojas para ajudar nas adoções.
Denúncia e resgate
No canil cheio de cães de raça, como shih-tzu, maltês e spitz alemão, foram encontrados medicamentos vencidos e proibidos, animais cegos e machucados vivendo presos sem as condições adequadas. No ambiente também foi localizado um incinerador que, de acordo com as denúncias, seria usado para os cães mortos e “doentes”.
O total de animais no local, inicialmente estimado em 1500, teve contagem atualizada para 1707 após o resgate. E o número deve aumentar porque há várias cadelas grávidas. Segundo a ativista, esse resgate é o maior que o Instituto Luisa Mell já fez e “possivelmente, o maior já feito”. Uma pesquisa indicou que o maior foi de cerca de mil animais nos Estados Unidos.
Foram alugados três espaços para abrigar os animais até que estejam disponíveis para adoção. Esta semana Luisa passou a receber ameaças e houve uma tentativa de invasão no centro de triagem. Segundo Luisa, a decisão da Petz de não comercializar irritou criadores.