As embalagens são a principal fonte de informação sobre os produtos sustentáveis (Freepik)

O Brasil possui 7,7 milhões de lares sustentáveis. A compra dessa categoria de produto equivale hoje a 18,2% do faturamento total da cesta de higiene do brasileiro. Os principais compradores são mulheres (65,6%) das classes A e B (3,8 milhões) em famílias compostas por três a quatro membros (53,7%). Preço (26,6%), dificuldade de identificação (26,5%) e difícil acesso (22,4%) são as principais barreiras para a compra de produtos sustentáveis.

Os dados foram apresentados no terceiro dia do 9º Congresso Brasileiro de Pesquisa, realizado nesta terça-feira (23) pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) em formato online.

No painel “Green is The New Black”, Margareth Utimura, da Nielsen, conta que o Brasil está entre os seis mercados emergentes onde os consumidores mais demandam que as empresas implementem ações de sustentabilidade. Entre eles, estão: Índia (97%), Colômbia (96%), México (95%), Brasil (94%) e Argentina (92%).

Para o consumidor, as embalagens recicláveis (48,7%) são os principais indicativos de sustentabilidade, seguido por ingredientes naturais (47,7%), e embalagens biodegradáveis (45,5%). As embalagens são também a principal fonte de informação sobre os produtos sustentáveis (25,2%).

Segundo o estudo, 51% dos consumidores compram esses produtos para fazer o bem ao planeta, 34% são motivados por preocupações com o corpo e 12% escolhem esses produtos por considerá-los melhores que os tradicionais. “A motivação é genérica, o conceito ainda não é explorado. Falta informação”, adverte Margareth.

O levantamento destaca cinco estratégias para promover a sustentabilidade: reduzir ou reformular embalagens e ingredientes, renovar e cadeia de suprimentos e fornecedores, diversificar o produto e o portfólio, atualizar o modelo de negócios e integrar sustentabilidade nos produtos de contato com o consumidor.

Os produtos que mais crescem são aqueles com ingredientes naturais (224%), que não usam animais para testes (161%) e veganos (158%). Shampoo (29,9%), condicionador (22,5%), e sabonetes (24,1%) são as categorias sustentáveis mais buscadas. No total, a pesquisa analisou dez categorias: desodorante, xampu, sabonete, cremes para pele (rosto e corpo), pós-shampoo, protetor solar, maquiagem, fio dental, creme dental e preservativos.

Os canais de maior crescimento são as perfumarias com a predominância de mulheres de 18 a 35 anos, e o e-commerce se consolida entre os fabricantes. As lojas físicas ficam com 67,2% da preferência para a compra de produtos sustentáveis, enquanto as lojas eletrônicas perfazem a opção de 32,8%, sendo que 50% das compras são feitas em sites de fabricantes. “A sinergia entre os canais online e offline garante uma probabilidade maior de a marca chegar ao consumidor”, lembra a especialista na indústria de higiene e beleza.